Unindo forças pela saúde bucal dos paulistas    

OPINIÃO - Mauro Bragato

Data 30/05/2025
Horário 05:30

No exercício do meu mandato, sempre tive como norte a busca por iniciativas que promovam a saúde, a dignidade e a qualidade de vida da população paulista. Foi a partir desse compromisso que nasceu a Frente Parlamentar Pela Saúde Bucal no Estado de São Paulo, oficialmente lançada no último dia 22, na Assembleia Legislativa. Embora eu não seja um profissional da área da saúde ou da odontologia, compreendo com clareza a importância estratégica da saúde bucal dentro do conceito de saúde integral. E é por isso que decidi liderar esta iniciativa.
A criação da Frente é uma resposta concreta a uma necessidade antiga, mas frequentemente negligenciada: colocar a saúde bucal no centro das políticas públicas de saúde. Sabemos que problemas bucais não afetam apenas o sorriso, mas interferem diretamente na alimentação, na autoestima, no desempenho escolar e profissional, e até na saúde cardiovascular. Não é possível pensar em bem-estar social sem considerar a boca como porta de entrada — ou, muitas vezes, de agravamento — de diversas condições clínicas.
Nosso objetivo é claro: construir um canal permanente de articulação entre o Poder Legislativo, o Executivo, os municípios, as universidades, os conselhos profissionais e a sociedade civil. Queremos impulsionar projetos de lei, promover debates qualificados e estimular programas que ampliem o acesso da população a serviços odontológicos públicos, especialmente nas regiões mais vulneráveis.
A saúde bucal ainda é invisibilizada em muitos orçamentos públicos. Dados recentes do Ministério da Saúde apontam que 46,4% das crianças brasileiras têm cárie não tratada nos dentes de leite e 25,9% nos dentes permanentes. Isso é inaceitável em um país que conta com o maior número de cirurgiões-dentistas do mundo — mais de 441 mil, sendo 26% apenas em São Paulo. Nossa odontologia é referência em qualidade técnica. Precisamos transformá-la também em referência de acesso e equidade.
Durante o lançamento da Frente, o apoio institucional foi massivo. Tivemos representantes das três principais universidades estaduais — USP, Unesp e Unicamp — destacando a importância de aproximar a produção acadêmica das decisões legislativas. São projetos como o “Sorriso Feliz”, da Unesp, e o plano estratégico da USP para combate à cárie infantil, que mostram como o conhecimento técnico pode ser traduzido em soluções reais para a população. Nosso papel é dar voz e visibilidade a essas iniciativas.
Contamos ainda com a presença de entidades de peso como o Conselho Federal e o Conselho Regional de Odontologia, a Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas, profissionais da rede pública, representantes do Ministério da Saúde e diversos gestores municipais. Todos com um mesmo propósito: somar esforços para garantir que a saúde bucal seja tratada como política de Estado.
A Frente Parlamentar reforçará também a necessidade de nomeação, por parte do Governo do Estado, de um coordenador estadual de saúde bucal. Um estado com a complexidade de São Paulo não pode seguir sem uma instância articuladora para orientar políticas, captar recursos e integrar ações com os municípios. Essa lacuna precisa ser preenchida com urgência, e já estou solicitando audiência com o secretário estadual da Saúde para tratar dessa demanda.
Outro ponto de atenção é a valorização dos profissionais da odontologia. Discutir piso salarial, condições de trabalho e capacitação contínua é essencial para garantir a sustentabilidade dos programas de saúde bucal. Ao lado disso, é fundamental integrar a odontologia com outras áreas da saúde, como a nutrição, sobretudo quando falamos de ações nas escolas e na primeira infância.
Esta Frente Parlamentar nasce com uma vocação plural, colaborativa e propositiva. Não será um espaço de discursos vazios, mas de trabalho efetivo, com metas claras e participação ativa de todos os setores envolvidos. Pretendemos acompanhar, propor e fiscalizar políticas públicas que tenham base em evidências científicas e foco nas necessidades reais da população.
Nosso maior desafio é transformar boas intenções em políticas públicas permanentes, com orçamento, metas e impacto social mensurável. Isso exige coragem política, articulação institucional e, acima de tudo, compromisso com a vida das pessoas. E é com esse espírito que convido todos — parlamentares, gestores, profissionais da saúde, professores, estudantes e cidadãos — a se unirem a nós nesta causa.
A saúde começa pela boca. E a cidadania também. Com diálogo, responsabilidade e cooperação, vamos construir um novo capítulo para a saúde bucal no estado de São Paulo.

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