Uso de herbicida em doses certas pode evitar neurotoxidade

Estudo com agrotóxico mais utilizado na lavoura e jardins tem importante relevância para o oeste paulista

PRUDENTE - DA REDAÇÃO

Data 01/03/2023
Horário 16:18
Foto: Homéro Ferreira
Fernando Antonio e Renata, Giselle, Cecilia, Rosa Maria e Juliana (na tela)
Fernando Antonio e Renata, Giselle, Cecilia, Rosa Maria e Juliana (na tela)

Avaliação científica sobre neurotoxidade do herbicida à base de glifosato deixa o entendimento de que o uso correto, seguindo a prescrição de bula, pode evitar efeito adverso ao sistema nervoso. Estudo desenvolvido na Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), teve o resultado conhecido nesta segunda-feira (27) durante a banca de defesa pública da tese da farmacêutica bioquímica Renata Mano Scatamburilo Bifaroni, orientada pela médica patologista Giselle Alborghetti Nai.

O estudo “Avaliação de neurotoxidade do herbicida à base de glifosato mediante exposição crônica inalatória e oral em ratos” foi desenvolvido com o diferencial de simulação da exposição ambiental (como ocorre com a aplicação nas lavouras) em 60 ratos Wistar albinos, machos, adultos e distribuídos em seis grupos, expostos à nebulização ambiental com água destilada (grupo controle) e ao herbicida em três concentrações diferentes; e nebulização na ração; considerando que o humano também pode ser contaminado por alimentos.

 

SEM EFEITO NEUROTÓXICO

Para avaliação comportamental foram utilizados testes de campo aberto, de reconhecimento de objetos e labirinto em cruz elevado, para observação do estado geral de saúde; dos reflexos neurológicos; das habilidades sensoriais; e da função motora. Com os animais eutanasiados, seis meses após o início do experimento, correu a análise histológica, imunoestoquímica e avaliação do estresse oxidativo. Os animais não apresentaram alteração de locomoção ou prejuízo de memória.

Somente os expostos a alta concentração oral desenvolveram maior nível de ansiedade. Congestão tecidual ocorreu apenas nos animais expostos à alta concentração do herbicida. Houve maior espessura do córtex cerebral e aumento da expressão da proteína Bcl-2 aos animais expostos ao glifosato. As dosagens de malonaldeído de carbonização de proteínas não alteraram entre os grupos expostos e não expostos. Nas condições das exposições estudadas, o herbicida não apresentou efeito neurotóxico.

 

RELEVÂNCIA REGIONAL

Como nenhum estudo isolado pode ser absolutamente conclusivo, o entendimento é de que o uso o herbicida à base de glifosato em doses certas, seguindo prescrições da bula, pode evitar neurotoxidade. Glifosato é o agrotóxico mais utilizado nas lavouras de cana-de-açúcar e nos jardins urbanos e domésticos, de tal forma que essa pesquisa tem relevância regional, considerando que a região de Presidente Prudente, no oeste paulista e onde a Unoeste mantém o programa de mestrado e doutorado em ciência animal, o setor sucroalcooleiro encontra-se em franca expansão.

A tese desenvolvida por Renata foi avaliada e aprovada, o que lhe confere título de doutora outorgado pela PRPPG (Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação), pela Cecilia Laposy Santarém e Rosa Maria Barilli Nogueira, professoras pesquisadoras vinculadas à Unoeste; e na condição de convidados externos o Dr. Fernando Antonio Pino Anjolette, do IFPR (Instituto Federal do Paraná), campus de Palmas/PR; e a Juliana Minardi Nascimento, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), que teve sua participação on-line.

 

 

 

 

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