Após cerca de seis meses, entre fazer levantamentos bibliográficos, encontrar pessoas que pudessem ser entrevistadas, gravar e editar o vídeo, o documentário “Sankofa: Quem foi Dona Lazinha–Kalofé, Saravá, A Bênção”, será lançado nesta sexta-feira, às 19h, no Museu e Arquivo Histórico Municipal Prefeito Antônio Sandoval Netto, de Presidente Prudente.
Segundo Fabiana Alves, idealizadora desta produção, a proposta inicial é que o documentário seja exposto na parede lateral do prédio do museu, para que possa ser visto pelas pessoas que vão para o evento de lançamento e também, pelas que estão em circulação na Avenida Manoel Goulart.
“Esperamos que compareçam, principalmente pessoas que tiveram alguma relação com ela [dona Lazinha]. E, que possam nos auxiliar a contar a história dela com mais detalhes, pois o material que encontramos nos trouxe uma diversidade de questões que somente as pessoas poderão completar. Lembrando que este é apenas um trabalho inicial e que pretendemos seguir com a pesquisa”, expõe a produtora.
Ela conta que para o lançamento, estão se organizando para fazer uma pequena exposição composta por indumentárias religiosas que estão aos cuidados do museu, algumas fotografias e notícias de jornais. O trabalho cenográfico da exposição é assinado por Celso Aguiar, que traz como argumento principal a ideia de que “Dona Lazinha foi notícia, portanto, faz parte da história da cidade. Dona Lazinha é parte da história negra do oeste paulista”.
“O documentário em si se ocupou em construir a imagem de Dona Lazinha. Com base nas vivências dos entrevistados, cada um narra sua experiência estética com a Ialorixá, pautando-se na pergunta ‘Quem foi Dona Lazinha?’, pergunta que nomeia o documentário”, salienta a pesquisadora.
Foi assim que tudo começou! Conforme Fabiana, durante uma conversa informal com Valentina Terescova Romero Flores, diretora do museu, ela a convidou para fazer a curadoria de algumas peças que pertenceram a uma mãe de santo e que foram doadas para o museu, porém, estavam sem registro descritivo.
Como Fabiana é ligada ao movimento negro da cidade e este é um tema que lhe interessa e que ela tem se dedicado a estudar, comprometeu-se a auxiliar nesta curadoria. E a partir dela, resolveu fazer uma pesquisa mais aprofundada. “Quando surgiu o Edital Cultura e Arte por toda parte, programa da Secult [Secretaria Municipal de Cultura] de Presidente Prudente, inscrevi a proposta e a mesma foi aprovada em primeiro lugar na categoria de produção audiovisual”, explana Fabiana.
Sankofa é um dos ideogramas presentes na coleção de símbolos adinkras, pertencente aos povos Akan, grupo linguístico que se espalhou pela África Ocidental. Este símbolo pode ser representado de duas formas, sendo uma delas um pássaro com a cabeça virada para trás, carregando um ovo no bico, pés fixos no chão e peito para frente, dando sentindo figurativo a sua tradução filosófica - Nunca é tarde para voltar e recolher o que ficou para trás.
“Trazer a filosofia do Sankofa para um documentário que investiga uma pessoa que ficou esquecida na história e no tempo traz a essência que move este projeto: a busca por uma ancestralidade negra que foi perdida, negada e/ou apagada”, explica Fabiana.
FICHA TÉCNICA
Tempo: 18 minutos
Argumento – Fabiana Alves
Montagem e edição – Talita Galindo
Produção – Fabiana Alves e Celso Aguiar
Levantamento documental – Caique Souza Leite
Arte mídia: Altemar Ribeiro
Fotografias cedidas: Divaldina Moreira, Dona Dica, Museu e Arquivo Histórico Municipal Prefeito Antonio Sandoval Netto de Presidente Prudente
Apoio: Secretaria Municipal de Cultura de Presidente Prudente, por meio do Museu e Arquivo Histórico Prefeito Antonio Sandoval Netto de Presidente Prudente
Foto: Mariana Vieira
Fabiana Alves é a idealizadora do projeto, que continuará com pesquisas sobre esta personagem real
Foto: Acervo Pessoal da Família
Kalofé, saravá, a bênção, dona Lazinha!
