Viés de confirmação

OPINIÃO - Walter Roque Gonçalves

Data 26/06/2021
Horário 05:00

O epidemiologista Ricardo Ariel Zimerman falou sobre o viés de confirmação, nas oitivas da CPI da Pandemia, quando expressou a opinião sobre o “tratamento precoce” e os prejuízos para os pacientes e comunidade médica com a politização do assunto. Isto significa que a guerra de narrativas leva as pessoas a lados opostos na discussão sobre o “tratamento precoce”. Com um lado definido passa-se a dar foco apenas nas informações que confirmem as respectivas posições, enquanto as outras são ignoradas e chacoteadas. Torna-se nítido o quanto o viés de confirmação pode também prejudicar o ambiente empresarial.
Zimerman esclarece que o conceito “tratamento precoce” deve ser entendido apenas como tratamento e não precisava de tanta polêmica. O que prevalece é a relação médico-paciente permeada pela autonomia e autoridade destes profissionais. A polarização política deturpa algo que faz parte da rotina médico-paciente há muito tempo. Isto leva alguns médicos a ficarem com receio de represálias. Médicos brilhantes deixam de seguir suas convicções temendo o cancelamento, resistência e perseguição geradas pela polarização política sobre o “tratamento precoce” ou somente “tratamento” como diz Zimerman. 
Em momento nenhum se orienta automedicar-se. O caminho é sempre o de procurar um médico de sua confiança nos primeiros sintomas e seguir as suas orientações caso concorde com elas. Algo tão corriqueiro endemonizado, a partir do momento em que o presidente da República sai em defesa deste ou daquele medicamento. Ora o presidente não prescreve medicamentos e nem dá carta branca para ministrá-lo, esta autoridade é do médico. A automedicação é proibida e tão perigosa quanto o vírus.
Infelizmente o viés de confirmação não é exclusivo do ambiente público, este também existe dentro das empresas e gera prejuízos, pois há disputas pelo poder, guerras de narrativas e polarização no ambiente. O viés de confirmação empresarial enfraquece o espírito colaborativo, mina a competitividade e pode gerar prejuízos irreversíveis para os negócios. As lideranças precisam ter consciência disto e trabalhar para que o contraditório não seja endemonizado. Ao invés disto, que seja usado para aprimorar as estratégias, incentivar a criatividade e unir a equipe diante dos desafios.
 

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