Vozes da angústia

A arte de entender o funcionamento psíquico é transcendental. Entender as possíveis causas de determinados transtornos é de uma profundeza extraordinária. É lamentável, triste e arcaico nosso sistema público de saúde mental. Se houvesse um SUS (Sistema Único de Saúde) satisfatório, conforme as promessas políticas, muitos problemas graves que afligem nossa sociedade seriam evitados. 
O cidadão tem direito ao acolhimento no momento de desespero. O ideal é que tivéssemos um sistema de prevenção primária. Quantos atos de violência teríamos evitado, se houvesse um espaço para esse acolhimento e continência? É importante dar voz à dor. Muitas vezes uma meia hora de uma escuta sensível, amorosa, acolhedora evitaria muitos suicídios. Tornar digerível o que está indigesto, psiquicamente falando, é um alivio. 
Há ineficácia do sistema e a ausência de atendimentos especializados, ou de uma escuta, visão, sensibilidade de alguém mais especializado, para encaminhá-lo à assistência psiquiátrica e psicoterápica. Precisamos ter esse olhar investigativo e perceber que algo está acelerado demais, mecânico e fora do compasso. Quantos suicídios, assassinatos em série, onde muitos indivíduos acabaram morrendo precocemente, por falta de um espaço onde preventivamente pudessem ser contidos. Os surtos psicóticos precisam ser contidos e acolhidos, sendo assim, possivelmente não serão atuados. 
As síndromes psicóticas caracterizam-se por sintomas típicos, como alucinações e delírios, pensamento desorganizado e comportamento claramente bizarro, como fala e risos imotivados. Perda de contato com a realidade, passando a viver fora dela, sem ser regido pelo princípio de realidade, assim vivendo predominantemente sob a égide do princípio do prazer e do narcisismo. É preciso dar voz aos transtornos ansiosos que poderão levar ao pânico, depressivos, transtornos alimentares que também poderão levar à morte, obsessivo compulsivo, etc. 
É preciso abrir muitas portas para acolhê-los. Muito sofrimento poderia ser evitado com tratamentos através de associações livres, onde o paciente pudesse vir a ser compreendido, e assim sendo, sua angústia passaria a ser entendida, sonhada, metabolizada e devolvida de uma forma em que ele (paciente) pudesse suportar melhor. E, consequentemente, encontrar uma bússola para nortear-se.
 

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