O Brasil tem um histórico de humoristas imbatíveis, infelizmente a maioria já falecidos (Chico Anysio, Costinha, Jô Soares, Ary Toledo, Agildo Ribeiro, Walter D´Ávila, Zezé Macedo, Berta Loran dentre inúmeros outros), mas um deles se destaca na preferência de quem foi garoto entre os anos 70 e 80, o Zacarias, integrante do grupo Os Trapalhões. Nascido Mauro Gonçalves, antes de entrar para o grupo, foi ator, locutor e cantor, e se destacou como humorista em programas da TV Tupi e TV Record como “A Cidade se Diverte” e “A Praça da Alegria”. Entrou como o 4º trapalhão em 1973 (unindo-se a Renato Aragão, o Didi, Dedé e Mussum), e logo deu um molho todo especial ao grupo com o personagem Zacarias, um tímido e ingênuo mineirinho, que se comportava de forma infantil. Com uma peruca, e pintando os dentes para se fingir banguela, tinha uma voz esganiçada, característica, com roupas coloridas e uso de suspensórios que o deixavam mais próximo do universo infantil. Ele se apavorava quando alguém arrancava sua peruca (geralmente o Didi). Ficou no grupo de 1973 a 1990, participando além do programa de TV, de cerca de 25 longa metragens no cinema. Foi o último a entrar e o primeiro a falecer, precocemente em 1990, aos 56 anos, ficando para sempre no imaginário popular.
Quando os mais jovens morrem antes que os mais velhos
A ordem natural da vida é esperar que as pessoas mais velhas morram antes que os mais jovens, mas é mais esperado que netos enterrem seus avós e que filhos enterrem seus pais. Contudo, essa matemática nem sempre acontece, e o inverso pode ser ainda mais doloroso e problemático. A alteração desta ordem geralmente provoca um luto profundo e complexo, perpetuando dores e sofrimentos naqueles que ficam. Essa expectativa social natural e estatística de que os mais velhos vão primeiro pode vir acompanhada de sentimentos de revolta, tristeza profunda e de injustiça: Por que não eu? Geralmente é a pergunta interior dos mais velhos que vivem o luto de seus parentes jovens. É um momento difícil de abalo de crenças, sensação de vazio e desesperança, e pensamentos nas oportunidades perdidas e não vividas pelos que partiram precocemente. Cada fé religiosa tenta explicar à sua forma, os benefícios desses desígnios aparentemente injustos: soberania de Deus, segredos divinos, benefício espiritual para os mais jovens ficarem livres das seduções e perdições terrenas. Seja qual for sua crença, o importante é a pragmática ideia da inevitabilidade da morte e ela ocorre, por influências quem nem sempre dominamos, quer sejam doenças graves, acidentes ou eventos externos. A perplexidade diante da morte de jovens, principalmente boas pessoas, já foi inspiração para músicas como “Love in the Afternoon” do Legião Urbana de 1993, que diz: “É tão estranho que os bons morrem jovens. Assim parece ser quando me lembro de você, que acabou indo embora cedo demais. Lembro das tardes que passamos juntos. Não é sempre, mas eu sei que você está bem agora. Só que este ano o verão acabou cedo demais”. Sigamos em frente.
Dica da Semana
Novelas
Elenco experiente de “As Três Graças”:
A nova novela global das 21h, de autoria de Aguinaldo Silva, estreou mostrando um conjunto de atores maduros dando oportunidades a nomes que se encontravam famosos da TV. No elenco, Arlete Salles (Josefa), Dira Paes (Lígia), Marcos Palmeira (Joaquim Monteiro), Enrique Dias (Pastor Albérico), Miguel Falabella (Kásper Damatta), Carla Marins (Xênica), André Mattos (Delegado Jairo) e Cosme dos Santos (Albano).