Incêndio de 4 dias queima 1,5 mil ha de área ambiental

Ao todo, 62,5% da Reserva Estadual Lagoa São Paulo foi consumida por chamas, em fogo iniciado no sábado; ambientalista estima 10 anos para tempo de recuperação

REGIÃO - THIAGO MORELLO

Data 21/08/2019
Horário 06:22
Djalma Weffort/Cedida - Fogo atingiu 62,5% da área total, que pode ser recuperada em 10 anos
Djalma Weffort/Cedida - Fogo atingiu 62,5% da área total, que pode ser recuperada em 10 anos

A área coberta do Estádio Maracanã, um dos maiores do Brasil, é equivalente a 150 mil m² (metros quadrados), e abriga pouco mais de 78 mil pessoas. Agora imagina um espaço equivalente e 100 áreas como essa. Essa foi a quantidade queimada na Reserva Estadual Lagoa São Paulo - também conhecida como Lagoa Preta -, em Presidente Epitácio, num incêndio que durou quatro dias. Iniciado sábado, o fogo atingiu 1,5 mil ha (hectares) do local, o que equivale a 62,5% da área total que compõe a reserva: 2,4 mil ha, como estima a Apoena (Associação em Defesa do Rio Paraná, Afluentes e Mata Ciliar).

Esse é o número estimado pelo presidente da entidade, ambientalista Djalma Weffort, que acompanhou a ação de combate às chamas no local, até o início da noite de ontem, por volta das 19h. Esse foi o horário, segundo ele, que o Corpo de Bombeiros conseguiu extinguir as chamas. “Mas ainda há a preocupação com o resquício de fogo, fumaça baixa, que podem se transformar em novos focos. Vai depender do clima e da ação das pessoas em contribuir para que isso não continue”, completa.

Aliás, Djalma ressalta que, se essa atitude de proteção ambiental for continuada, ainda assim precisará de 10 anos para que toda a área seja recuperada. “Num momento em que muito se discute as queimadas em áreas verdes de Rondônia e no Amazonas, não é foi preciso olhar muito longe para ver uma situação parecida, mesmo que numa proporção menor. A gente precisa se preocupar com isso e não deixar que o meio ambiente pague pelos erros humanos”, alerta.

Primeiro registro

O primeiro registro recente do fogo foi registrado no sábado, às 22h. Horário esse que o Corpo de Bombeiros foi direcionado ao local para deter as chamas. Tal trabalho foi cessado aproximadamente 15 horas depois: 12h55 do domingo, conforme a corporação. Na segunda-feira, as chamas retornaram e, na ocorrência mais recente, o caso iniciou ontem por volta das 9h15, horário em que as autoridades voltaram ao local para deter o fogo. E, segundo o Corpo de Bombeiros, as chamas foram iniciadas a cerca de 500 metros do distrito de Campinal.

E desde que foi registrada a primeira ocorrência, a corporação afirma que já foram utilizadas duas viaturas do próprio Corpo de Bombeiros; 10 equipes da Cesp (Companhia Energética de São Paulo), com caminhão-pipa, trator e pessoal; além do apoio do Helicóptero Águia, da Polícia Militar.

Aliás, a Cesp, que é responsável pela área, também foi procurada para comentar sobre a situação, bem como identificar quais ações estão sendo feitas para evitar o problema e os prejuízos que as chamas acarretam à fauna e flora local. Mas até o fechamento dessa edição, a companhia não respondeu a reportagem.

Preocupação

Djalma Weffort também fez um desabafo na rede social Facebook. Na publicação, ele lembrou que outra área - a do Reassentamento Lagoinha -, também da Cesp, já havia sido consumida pelo fogo, uma semana antes. “A falta de chuva e o tempo seco ajudam, mas há suspeita de que a origem do fogo pode ser represália de sitiantes descontentes com a decisão da Justiça de Presidente Epitácio, que mandou retirar o gado da reserva”, completa o ambientalista. Sobre isso, a Polícia Civil informa que, se houver denúncia, o caso será investigado.

Ele também afirma na publicação que, por conta da situação, os ambientalistas propõem a criação de uma RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) ou Refúgio de Vida Silvestre, como forma de garantir “a rica biodiversidade do local”.

Publicidade

Veja também