Árvores de grande porte danificam casas do Mediterrâneo, apontam moradores

Conforme vizinhos, o crescimento desenfreado das raízes não tem só rachado calçadas e muros, como passou a atingir a rede de esgoto que atende o bairro

- ANDRÉ ESTEVES

Data 16/09/2018
Horário 05:05
José Reis - Para Semea, espécies "formam um belo corredor arbóreo que, além de contribuir com o clima, também embelezam o bairro, devendo ser preservadas"
José Reis - Para Semea, espécies "formam um belo corredor arbóreo que, além de contribuir com o clima, também embelezam o bairro, devendo ser preservadas"

Entre as vantagens de residir em um bairro arborizado, cabe destacar a melhor qualidade do ar e a garantia de sombra fresca para a população. No entanto, se não for bem estudado, o plantio de espécies em uma área urbana pode trazer mais prejuízos do que benefícios. É o caso do Jardim Mediterrâneo, em Presidente Prudente, onde árvores de grande porte já resultam em danos para a estrutura das residências. Isso porque o crescimento desenfreado das raízes não tem só rachado calçadas e muros, como passou a atingir a rede de esgoto que atende os moradores. O problema que afeta o local é antigo e, conforme os munícipes, vem sendo frequentemente relatado à administração municipal, contudo, sem a efetiva tomada de providências. De acordo com os cidadãos, ao ser procurada, a Semea (Secretaria Municipal de Meio Ambiente) esclarece que, por se tratar de árvores sadias, não podem ser derrubadas. Ocorre que, para os reclamantes, a situação deixou de ser sadia há muito tempo.

A engenheira agrônoma Natália Calhabeu Ferreira, 27 anos, diz não concordar com o parecer técnico da pasta, considerando que não são apenas as árvores que compõem o meio ambiente. “Até onde eu sei, meio ambiente diz respeito às relações do homem com o espaço onde vive. E o nosso espaço está sendo prejudicado”, expõe. Ela aponta que o desejo dos moradores não é erradicar definitivamente as árvores, pois há o intuito de repor as espécies removidas. Enquanto nada é feito para sanar o problema, a munícipe conta que as raízes vão perpetrando cada vez mais o solo e, na busca por água, seguem ao encontro do encanamento. “Elas abraçam os canos e os apertam. Com isso, os vasos sanitários entopem e somos obrigados a chamar o encanador”, reclama.

Natália relata que, aparentemente, a Prefeitura já notificou os proprietários das calçadas danificadas pelas raízes, contudo, não acredita ser este o recurso, já que as árvores voltarão a rachá-las. “É preciso cortá-las e plantar espécies menos agressivas. Se continuar assim, temo que caiam em cima de um carro ou se emaranhem na fiação elétrica”, considera.

A pizzaiola Marta Regina Figueiredo Junker, 54 anos, diz que as árvores certamente deixam as ruas mais bonitas, mas precisam ser bem selecionadas. No caso do Mediterrâneo, as espécies ali plantadas não são de feitio urbano e, em decorrência disso, “já rompem o esgoto e estouram o piso das casas”. “São árvores antíquissimas, portanto, é natural que não tenham mais espaço para crescer. Nosso bairro é um pedacinho do céu, mas essas espécies têm trazido problema”, avalia.

O operador de empilhadeira, Mauro da Silva, 63 anos, também procurou o Horto Florestal, mas a resposta foi a mesma: são espécies protegidas. Na sua casa, as raízes atravessaram por baixo do muro e começaram a danificar o alicerce. Ele entende que árvores são muito bem-vindas no espaço urbano, desde que sejam adequadas para este fim. “O mais indicado era que plantassem espécies de raízes pequenas”, argumenta.

Não serão erradicadas

Procurada no início da semana, a Prefeitura informou que uma equipe técnica se deslocaria até os endereços apontados pela reportagem para averiguar a situação. Feito isso, a Semea (Secretaria Municipal de Meio Ambiente) concluiu que as árvores serão podadas, mas, com exceção de uma que está seca, não poderão ser erradicadas. A pasta comunica que as referidas espécies “formam um belo corredor arbóreo que, além de contribuir com o clima, também embelezam o bairro, devendo ser preservadas”. Além disso, menciona que as árvores estão do lado oposto das residências que fizeram a reivindicação.

ESTRUTURA DO BAIRRO

Data de implantação: 24/07/1984

Área de loteamento: 248.495,39 m²

Área verde: 49.698,91 m² (20%)

Quadras: 18

Construções: 460

Terrenos baldios: 32

População estimada: Cerca de 2.300 pessoas

Fonte: Secom

SERVIÇO

A população pode promover suas reclamações, críticas e elogios sobre o bairro em que reside. O contato deve ser feito com os profissionais da Pauta, por meio do pauta@imparcial.com.br, do telefone 2104-3732 ou do WhatsApp 99104-8537.

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