Supermercados observam queda de até 30% nas vendas de Páscoa 

Impacto se dá por conta da pandemia do Covid-19, os principais afetados são os produtos tradicionais da época, como o ovo de chocolate e o bacalhau

PRUDENTE - MARCO VINICIUS ROPELLI

Data 09/04/2020
Horário 07:19
Isadora Crivelli - Parreiras de ovos não são tão grandes, nem tão lotadas, mas continuam cheias de chocolate
Isadora Crivelli - Parreiras de ovos não são tão grandes, nem tão lotadas, mas continuam cheias de chocolate

De acordo com a Apas (Associação Paulista dos Supermercados), a Páscoa é a segunda melhor data para o varejo de alimentos, não só pelos chocolates, mas pelas compras de almoço ou jantar que as famílias realizam. A pandemia do novo coronavírus, no entanto, tirou o brilho da data cristã, e, por consequência, impactou fortemente os supermercados, os quais, apesar de seguirem o funcionamento, já registram diminuições de 10% a 30% nas vendas. 

A primeira versão desta reportagem foi redigida a pouco menos de um mês, em 13 de março, e, para que fosse publicada, precisou de reformulação total, visto que, em apenas 25 dias tudo mudou de forma drástica. O crescimento do Covid-19 no Estado de São Paulo provocou uma série de decretos, em âmbitos estadual e municipais, que restringem o funcionamento dos comércios aos essenciais (farmácias, açougues, mercados, padarias e afins). Além disso, as aglomerações, como em um possível churrasco familiar no domingo de Páscoa, não são recomendadas em tempos de isolamento social e quarentena.

Estas e tantas outras questões, unidas ao próprio temor da população para com a saúde, fizeram esta mudança brusca de cenário. Em 13 de março, o responsável pelas compras do Nagai, Jair de Souza, 61 anos, afirmou que esperava um crescimento de 5% nas vendas do mercado em relação ao ano passado. Já nesta semana disse que o cenário é a queda de 10%. “Nem se considera mais que é Páscoa, as pessoas não devem se reunir e estão sem clima para comemorar. Isso não quer dizer que não fazemos ações para aumentar as vendas, como promoções, oferta de brindes e outras”, explica Jair.

Já o gerente da loja central do Estrela, Amaro Aparecido da Silva, 43 anos, vê uma realidade ainda mais preocupante. Segundo ele, a queda das vendas para a Páscoa passa dos 30% em relação ao ano passado. Na primeira metade do mês passado, a expectativa de Amaro era outra, ele calculava um crescimento de 10% a 15% nas vendas. “Nesse período, minha parreira de ovos costuma estar bem esburacada, com espaços vazios. Esse ano é diferente, ela está quase intacta”, relata, colocando as expectativas que restam nas compras de última hora.

O subgerente do mercado Avenida, Rogério de Souza Alexandre, 38 anos, por sua vez, não fala em números, mas sim em cautela nas perspectivas. Da mesma forma, em 13 de março, ele preferiu não falar em dados, mas ao invés de cautela, falava em aumento de vendas. “Estamos trabalhando dia após dia, esperando ver o que irá acontecer, é uma situação muito nova”, comenta. 

Não só o ovo de Páscoa, o bacalhau da Sexta-feira Santa também sofre impacto: a alta do dólar prejudicou especialmente a venda deste produto que faz parte dos importados. Sobre o valor do chocolate, todos os mercados questionados afirmam que se manteve estável em relação A 2019. Jair aponta que as fábricas de chocolate têm aplicado uma estratégia para que os preços não subam muito e assustem os consumidores. “Tem diminuído a quantidade de chocolate, antes as barras tinham 200 gramas, hoje algumas já tem apenas 80g”, ressalta.

Ao menos algo tranquiliza os mercados de Prudente. O excedente de ovos, aqueles que não serão vendidos, visto que a busca da população, por enquanto, é por produtos essenciais, como alimentos e limpeza, serão recolhidos pelas fornecedoras, já que são adquiridos pelas lojas em forma de consignado. Este ao menos é o caso do Estrela e Nagai.

SAÚDE COMO

PRIORIDADE 

Apesar das dificuldades inerentes ao momento que todo o mundo passa, os representantes dos três supermercados destacam a preocupação com a saúde. Em todos, as normas de segurança são aplicadas com rigidez, são elas: o controle da entrada de público (entra um número pré-determinado de clientes por vez), a higienização das mãos dos clientes na entrada do supermercado, a higienização constante dos carrinhos e cestinhas, distribuição de álcool em gel em todos os setores do mercado e caixas. 

Amaro, do Estrela, aproveita e faz uma súplica para que os filhos e netos se disponham a fazer as compras para os idosos, visto que muitos dos que estão frequentando o estabelecimento integram este grupo, que também são aqueles cujo risco da infecção pelo novo vírus se faz mais presente. 

Publicidade

Veja também