"A Barbada do Biruta"

DignaIdade

COLUNA - DignaIdade

Data 26/09/2023
Horário 08:09

A dupla cômica Jerry Lewis-Dean Martins fez estrondoso sucesso nos estúdios Paramount na década de 50 estrelando 17 filmes que foram êxitos de bilheteria, como este “A Barbada do Biruta” (Money from Home), de 1953, dirigido por George Marshall. Na trama, Dean Martin é o malandro Herman Papo de Mel que se encontra endividado com um chefão do crime e bola alguma estratégia para saldar a dívida. Para isso, ele resolve partir para Maryland, para montar um esquema fraudulento de apostas em corrida de cavalos, envolvendo o ingênuo primo Virgil (Lewis). Chegando lá ambos se apaixonam por beldades, Herman pela dona do cavalo, e Virgil pela veterinária do animal. Herman tenta esquecer a dívida, mas o chefão aparece para cobrar o prejuízo, e Virgil acaba se tornando jockey por acaso. Risadas garantidas, neste que foi o primeiro filme colorido da dupla. Em 1956, a dupla se desfez. Dean Martin seguiu com outros gêneros, enquanto Jerry Lewis se consolidou como um dos grandes comediantes do cinema norte americano.
    
“Ideias requentadas e originalidade em extinção”

Um assunto frequente entre os mais maduros é a constante comparação da produção artística e cultural dos dias atuais em relação a algumas décadas anteriores. Embora haja uma óbvia e providencial puxada de brasa para sardinha da galera mais antiga, em grande parte das vezes, existe uma real constatação de perda de qualidade geral do que é produzido agora. Enquanto que em plenos anos 70-80 coexistiam diversas produções musicais (festivais de música popular brasileira, tropicalismo, explosão do rock nacional, advento do pop, sertanejo, samba, ritmos baianos e nordestinos e a própria música brega popular), vemos hoje uma restrição quase universal a dois ou três ritmos de destaque com letras simplórias e bastante superficiais. Trilhas sonoras se repetem, há simples regravações ou novas roupagens para músicas antigas e remakes de filmes e novelas são feitos em profusão (com a intenção real de se mostrar grandes obras para as novas gerações, mas também por falta evidente de argumentos novos que não soem como batidos, manjados ou óbvios). Emburrecemos e perdemos a qualidade criativa (numa desproporção absurda com o avanço digital e tecnológico); ou simplesmente, chegamos em um esgotamento de temas e ideias, e tudo dá a impressão de déjà vu ou simples plágio. Tudo pode parecer grande novidade para os muito jovens, mas dá uma sensação frequente de café requentado quando se fala em produções comerciais, tanto de música como de dramaturgia. Todos os enredos já foram feitos? Não há novos caminhos do universo da música? Além do esgotamento de ideias, parece se somar a este complexo tema, a necessidade atual de agradar o consumidor (não que isto já não existisse desde em tempos remotos), mas agora, há uma necessidade premente de enquadramento de novas regras sociais, que se por um lado, possibilita a inclusão e democratiza direitos, por outro, engessa e impõe regras à liberdade criativa. A arte transgressora, vanguardista, revolucionária fica assim pasteurizada, homogênea e sem graça. A arte tem que desnudar a alma, não só o corpo. 

Dica da Semana

Filmes 

Comédias com a dupla Jerry Lewis-Dean Martin:
Eis aqui a lista dos títulos brasileiros de dez filmes essenciais da dupla: “A Amiga da Onça” (49), “O Palhaço do Batalhão” (50), “Morrendo de Medo” (53), “Sofrendo da Bola” (53), “A Farra dos Malandros” (54), “O Rei do Circo” (54), “O Meninão” (55), “Artistas e Modelos” (55), “O Rei do Laço” (56), “Ou vai ou Racha” (56).  


 

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