Os filmes sobre o Natal são mais frequentes do que os de ano-novo, mas este clássico de 1945 (The Horn Blows at Midnight) é uma comédia que tem o réveillon como pano de fundo. Último filme do comediante Jack Benny como protagonista (depois ele se dedicaria à televisão), conta a história de Athanael (Benny), o terceiro trompetista de um programa de rádio que ao cair no sono, sonha ser um trompetista do céu. Graças aos elogios de sua namorada (Alexis Smith), ele recebe a incumbência do chefe do departamento de pequenos planetas (Guy Kibbee) de destruir o planeta 339001 (a Terra), e seus problemáticos habitantes, exatamente tocando a última trombeta da meia-noite de ano novo. Durante a missão, dois anjos caídos, acostumados à boa vida e aos prazeres da vida terrena, tentam atrapalhar seus planos. Curiosamente, o filme foi um fracasso de bilheteria nos cinemas à época, mas depois foi redimido com as inúmeras reprises da TV, embora tenha sido feito por um dos mestres da direção, Raoul Walsh.
Aos descendentes tudo, aos ascendentes nada
Os descendentes são os nossos sucessores (filhos, netos e bisnetos) e ascendentes são aqueles que vieram antes da gente (pais, avós e bisavós). A sociedade-modelo foi construída de tal forma que agimos com conforto na defesa da própria prole (aos filhos, tudo) e esquecemos de quem nos gerou (aos velhos, as migalhas). Cuidamos do futuro, protegemos nossos bebês, aplaudimos nossas crianças e colocamos os filhos como prioridades absolutas de nossas vidas (sob aplausos gerais de uma sociedade que reconhece o valor de pais valorosos e abnegados), enquanto muitas vezes deixamos para trás nossos velhos parentes sob as traças do ostracismo, do abandono, ou de um pouco-caso velado e, muitas vezes, com vistas grossas pela sociedade em geral. Ninguém perde uma apresentação de balé do neto, de uma formatura de prezinho, de uma apresentação teatral ou musical escolar do filho, os levamos para cima e para baixo em suas múltiplas atividades infantis: aulas de natação, judô, de instrumentos musicais, encontros com os coleguinhas, com o peito estufado de pais responsáveis e amorosos. E temos dificuldade de fazermos o mínimo por seus próprios idosos: levar o idoso a uma sessão de fisioterapia, consulta médica ou a uma atividade lúdica de um grupo de terceira idade é tarefa quase impossível: não temos tempo para isso. Tem que se montar um batalhão de divisão de tarefas entre os mais jovens, para ver de quem é a vez de enfrentar o fardo. Levamos as crianças para cima e para baixo, para todos os eventos sociais (“onde meu filho não é bem-vindo, eu também não sou!”), mas raramente, levamos o avô para um passeio conjunto, ou temos a mesma preocupação de tirá-lo de casa e simplesmente sair para espairecer ou ver gente (Ah! Mamãe não gosta, vovô é caseiro!). O abandono afetivo inverso ocorre quando os filhos maiores negligenciam o dever de cuidado, amparo e assistência aos pais idosos, enfermos ou situação de carência.
Dica da Semana
Streaming / Série
“Os Donos do Jogo”:
Lançamento da Netflix de 2025 que conta a história de um aspirante a se tornar um dos poderosos a comandar o império do jogo ilegal no Rio de Janeiro (André Lamoglia). No elenco, que conta com nomes de sucesso como Juliana Paes e Xamã, a presença de veteranos que enriquecem o elenco como Chico Diaz (Galego Fernandez), Otávio Muller (Xavier), Adriano Garib (Nélio Moraes), Roberto Pirillo (Jorge Guerra), Tuca Andrada (Márcio Saad) e Stepan Nercessian (Beto Coelho). Sucesso no streaming em oito episódios.