Assim não é possível. O preço do arroz, pacote de cinco quilos, está tão caro que tem gente que só consegue comprar o cereal à prestação. Pois é o que ocorre, no momento, no Paraná, segundo uma matéria reproduzida pelo site Brasil 247. Uma rede de supermercados, que tem o nome daquela ave de rapina dos Andes, vende o pacote por nada módicos R$ 48.
A dona de casa pode dividir em até seis vezes e, como é óbvio, ao preço de R$ 8 cada parcela. Também há informações dando conta de que o pacote estaria sendo vendido por mais de R$ 50 em alguns Estados. O preço do feijão também disparou e acumula alta de quase 50% nos últimos 12 meses. Com o dólar nas nuvens, os produtores preferem exportar, principalmente para a China.
O que que há? É preciso dar um basta nessa monstruosidade. É um crime contra o povo. Era só o que faltava. Vastas parcelas da população matam cachorro a grito ou a sussurro mesmo e, com isso, não têm dinheiro para comprar dois alimentos básicos da sua dieta. Primeiro, deve se abastecer o mercado interno. Exporta o que sobrar. Esta deveria ser a lógica do mercado.
Até que o Bolsonaro agiu certo ao pedir patriotismo aos produtores e aos donos de supermercados para manter os preços mais em conta. Pedir patriotismo para essa gente é o mesmo que deixar o galinheiro aberto e pedir para a raposa não comer as galinhas.
Esta situação me fez lembrar do livro "O Feijão e o Sonho", do escritor Orígenes Lessa, pai do genial Ivan Lessa. Do jeito que a coisa está no Brasil, comer feijão parece um sonho. Arroz, então, nem se fala. Me dá uma baita tristeza falar disso. Não merecemos isso.
Tive uma ideia: já que a situação pode demorar para voltar ao normal, os brasileiros poderiam comprar pacotinhos de arroz e de feijão. Os supermercados ofereceriam pacotinhos de 100 ou 200 gramas. E uma alternativa para o feijão seria comprá-lo por grãos.
"Quero 20 grãos de feijão. Para mim é o suficiente", diria o freguês. Leve grãos de feijão e realize seu sonho. Não dá para tirar o "abdômen da miséria", mas mata a vontade de comer feijão, outrora comida de pobre. Não é chique pra cachorro?
Como o grão de arroz é menor do que o grão de feijão, tal alternativa não daria muito certo no caso do arroz. Não me parece uma tarefa fácil contar grãos de arroz. Pacotinho de arroz talvez amenize a situação que está de fazer vaca não reconhecer o bezerro.
DROPS DO IVAN LESSA
Brasil, ame-o ou deixe-o. O último a sair apaga a luz do aeroporto.
Todo brasileiro vivo é uma espécie de milagre.
Três entre quatro políticos não sabem que país é este. O quarto acha que é a Suíça.
A cada 15 anos, o Brasil se esquece do que aconteceu nos últimos 15 anos.
Sincretismo religioso é quando um padre não passa debaixo de uma escada.