“Carnaval Vermelho’”: fazendas do oeste paulista são invadidas por membros da FNL

Segundo advogado, essas invasões são referentes ao Carnaval Vermelho já esperadas todos os anos e que vão contra a lei de regularização de terras

REGIÃO - DA REDAÇÃO

Data 18/02/2023
Horário 13:07
Foto: Cedida
Militantes invadiram pelo menos cinco fazendas da região na manhã deste sábado
Militantes invadiram pelo menos cinco fazendas da região na manhã deste sábado

A manhã deste sábado começou tensa para fazendeiros de algumas regiões do oeste paulista. De acordo com Luciano de Lima, dirigente nacional da FNL (Frente Nacional de Luta Campo e Cidade), até o fechamento desta edição integrantes do movimento haviam adentrado cinco fazendas: São Lourenço, em Rosana; Fazenda Floresta e Fazenda São João, em Marabá Paulista; Fazenda São Domingos, em Sandovalina; e Fazenda São Francisco, em Presidente Venceslau.
Segundo o advogado Coraldino Sanches Vendramini, 57 anos, essas mobilizações/invasões referentes ao “Carnaval Vermelho”, que ocorrem todos os anos, vão contra o PL 277, referente ao Programa Estadual de Regularização de Terras, aprovado no dia 21 de junho de 2022, pela Assembleia Legislativa de São Paulo, sendo a lei sancionada pelo ex-governador Rodrigo Garcia, que veio para apaziguar, uma vez que toda lei vem para conter um conflito de interesses.
“O objetivo de uma lei é criar uma situação de estabilidade na sociedade e foi o que a lei fez, porém, o objetivo do José Rainha é manter esse pessoal sob o seu cabresto, porque ele recebe uma mensalidade dos assentados e dos sem-terra. E com a lei do governador também tem a legitimação das terras dos assentados, mas ele não quer isso. Ele não quer resolver a situação do Pontal do Paranapanema”, considera Coraldino.
De acordo com ele, essas ações afetam toda a região, as produções e até mesmo os trabalhadores. Coraldino chama a atenção para o fato desses grupos estarem com dificuldade de pessoal para essas invasões. Tanto que, segundo ele, foi notado que na Fazenda São Francisco, por exemplo, havia alguns pequenos comerciantes locais no meio. Ou seja, não são sem-terra. “Essa fazenda é uma propriedade extremamente produtiva, tem dois ou três sistemas de pivô central, muito bem estruturada. Ela tem uma produtividade acima da média. Ele [o fazendeiro] consegue fazer três plantios por ano, safra e duas safrinhas. Inclusive nessa área que tentaram invadir, eles estragaram a soja”, conta. 
Ainda bastante nervoso com a situação, o proprietário da Fazenda São Francisco, Manoel Francisco Junqueira de Pádua Teles, 60 anos, conhecido por Mané Teles, falou à reportagem que cerca de 50 pessoas adentraram parte de sua propriedade e pisotearam toda a soja ali plantada. “Ainda vou calcular os prejuízos. Mas eles já foram embora”, disse o fazendeiro. 

“Nosso direito"

O militante Luciano de Lima diz que essa “jornada de luta” é feita em todo o Brasil, sendo que no momento 14 Estados estão mobilizados. No Pontal do Paranapanema, segundo ele, em torno de 1 mil trabalhadores aderiram. “Nosso objetivo é arrecadar terras devolutas. A lei aprovada pelo governador é inconstitucional. Todo ano nessa época lutamos e resolvemos mais uma vez fazer essas ‘ocupações’ e provar que essas terras são devolutas e assim reivindicar nossos direitos. Que o Estado faça a reforma agrária”, reivindica o representante do movimento.
A reportagem solicitou posicionamento do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), através de e-mail, contudo, sem resposta até o momento. 

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