Da hipnose à emoção: uma trajetória

Freud inicialmente hipnotizava seus pacientes. Incomodado com os sintomas que entravam pela sua porta, desejava curá-los o mais rápido possível. Pela sua vasta experiência, sabia que paralisias corporais, faciais e demais membros do corpo, não tinham razões ou causas somente orgânicas, biológicas ou fisiológicas. Já vislumbrava que esses sintomas conversivos, histéricos, somáticos, tinham sua origem também na ordem do psíquico. Sabia que o ser humano tinha uma região obscura, camuflada, em camadas profundas, em que depositava tudo que não conseguia elaborar ou dar conta. 
Somos humanos, não damos conta de tudo. Ainda bem. Muitas vezes pensamos que vamos controlar, superar, aguentar todas as situações vivenciadas por nós ou pelas pessoas que circundam nossa vida. Mas não damos conta de tudo, é evidente. Para poder compreender com ideias simples, essa instancia psíquica chamada por Freud de inconsciente, faremos uma analogia com as profundezas do oceano, em suas camadas mais profundas. 
Imaginam a parte submersa da ponta do iceberg em que desconhecemos sua extensão no oceano, assim são todos os conteúdos recalcados e depositados do que não aguentamos durante toda nossa vivência. Freud observara que durante o transe hipnótico, as paralisias nos órgãos desapareciam, e assim que as pacientes saíam do transe, voltavam a ficar com seus sintomas como se nada tivesse acontecido. Frustrado, percebeu que em nada se beneficiavam com a hipnose. Observava que durante o transe hipnótico, havia entre ele e o paciente um abismo, e que esse abismo era tudo que não podia acontecer entre as relações humanas. 
A emoção do contato humano provoca transformações, evoluções e cura. Freud então coloca em prática o que ele mais sabia fazer: entender e compreender a mente humana, nas suas infinitas vicissitudes. Entre Freud e seu paciente inicia então, uma relação de troca, onde o método da conversa por associação livre surgia na mais profunda espontaneidade. E assim os pacientes pediam para ele, as deixarem falar livremente. Assim Freud ia juntamente com o paciente re-visitando, revivendo transferencialmente os traumas dentro de uma situação analítica. Nesse momento os sintomas, simbolicamente, vão sendo entendidos, e também nomeados. 
Atualmente houve muitas mudanças nos sintomas, já não temos mais tantas paralisias. E sim os transtornos obsessivos compulsivos, transtornos alimentares, fobias diversas, transtornos de ansiedade e os depressivos. Quase tudo para Freud, naquela época, o que realmente não era uma doença de fundo fisiológico e orgânico, considerava e convergia relativamente para uma única doença, chamada histeria. Ele curou milhares de pessoas com seu método por associação livre. É um método que faz o individuo entrar em contato com seus traumas. 
Infelizmente, muitas vezes as pessoas querem rapidez para sua “cura”, ao buscar ajuda no consultório tanto do psiquiatra como do psicoterapeuta ou psicanalista. Também querem informações a respeito, sobre hipnose, terapia de vidas passadas, terapia de regressão e tudo o mais. Submetem a qualquer tratamento para evitar sentirem dores.
 

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