“Ela salvou minha vida”: noiva prudentina conhece doadora de medula em festa de casamento

Pedagoga Miréia Xavier, 37 anos, viajou mais de 1.100 quilômetros de Lajeado (RS) até o oeste paulista, especialmente para o encontro, ocorrido no sábado

PRUDENTE - MELLINA DOMINATO

Data 27/02/2024
Horário 12:49
Foto: Reprodução
Marcos Tadeu, Stephanie e Miréia
Marcos Tadeu, Stephanie e Miréia

“A cerimônia representa um novo capítulo na minha vida”. Assim, Stephanie Funari Amaral Gusmão de Faria, 36 anos, define sua festa de renovação de votos com o esposo Marcos Tadeu Fernandes de Faria, realizada no sábado, em Presidente Prudente, a qual foi marcada por uma surpresa. Ela conheceu pessoalmente a sua doadora de medula óssea, a pedagoga Miréia Xavier, 37 anos, que viajou mais de 1.100 quilômetros de Lajeado (RS) até o oeste paulista, especialmente para esse encontro. “O sentimento na hora, eu não sei explicar, tanto que só falei: ‘você salvou minha vida’. Era meu sonho conhecê-la”, lembra Stephanie, que descobriu a leucemia em 2022.
Auxiliar administrativa da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), tinha se casado com Marcos Tadeu, com quem já tem um relacionamento há mais de 10 anos, no civil e no religioso no dia 6 de fevereiro de 2021, quando não foi possível promover a tão sonhada festa de casamento por conta pandemia, que teve ser que remarcada para fevereiro de 2022. No entanto, no dia 4 de janeiro de 2022, então com 33 anos, a notícia que lhe faria adiar mais uma vez a cerimônia: estava com leucemia.
Com o transplante marcado para o dia 28 de julho de 2022, descobriu que estava com Covid-19. “Me deu uma sinusite e fui tratá-la no hospital. A leucemia tinha voltado, tive que fazer quimioterapia de resgate, que me levou para UTI [Unidade de Terapia Intensiva] por 18 dias, 11 desses intubada. No caso, ainda bem que deu positivo para Covid porque se você faz o transplante com doença, ela volta. Então, a quimioterapia de resgate foi o que quase me matou, mas também foi o que me salvou”, ressalta.
Chegado o tão esperado dia, 18 de outubro de 2022, data do transplante, aos 34 anos, e Stephanie revela que, desde a descoberta da doença, até a realização do procedimento, não teve que esperar por muito tempo, já que exames apontavam compatibilidade com doadores já cadastrado no Redome (Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea). “Em minha última quimioterapia, já saí de Prudente e fui para Jaú, para poder fazer as primeiras consultas sobre o transplante. Teve um tempo de espera de dois meses, quando consegui congelar óvulos, e aí logo depois a doença voltou. Depois que sai do hospital novamente, voltei para Jáu e 15 dias depois já estava internada para fazer o transplante. Eu era compatível 100% com a Miréia e em 90% com outros dois doadores”, promove.

A surpresa
“Eu não conhecia a identidade da minha doadora e, pelo Redome, a gente poderia saber quem era a pessoa só a partir de outubro, após dois anos do transplante, que poderíamos entrar em contato e o pessoal do próprio Redome que consultaria a doadora se gostaria de me conhecer. Então, foi inesperado, uma sensação incrível que não sei explicar”, diz Stephanie sobre a presença de Miréia em sua festa de casamento, organizada pela cerimonialistas Dani Baruta e Dani Bratfisch. 
Ressalta que o encontro foi possível depois que o esposo, Marcos Tadeu, entrou em contato com o Redome e explicou sobre a cerimônia. O banco de dados então consultou Miréia e ela retribuiu o interesse em conhecer o casal prudentino. “Eu amei a surpresa. Estou em êxtase. Vi as visualizações nas publicações na internet do Sinomar Calmona, do Guerra Filmes, e muitas pessoas estão vindo falar comigo, repostando, está sendo incrível. A surpresa foi maravilhosa”, comenta. Sobre a nova amiga lá do Rio Grande do Sul, Stephanie garante que quer manter contato com ela para o resto de sua vida. 

A doadora
Na lista do Redome desde 2013, Miréia relata que sempre foi doadora de sangue, e se cadastrou como doadora de medula óssea em um evento em sua cidade no qual estava sendo realizada uma campanha de conscientização sobre o assunto. “Eu não conhecia a história da Stephanie, mas sempre acompanhei histórias de pessoas na mesma situação, sobre a espera de alguém que pudesse ser um doador compatível. Então, conhecê-la foi muito emocionante, pois, não imaginava que aconteceria. A minha intenção sempre fazer o bem sem olhar a quem”, frisa.
Para ela, a recomendação é clara: “Doe, pois, desta forma, você estará salvando uma vida. É uma felicidade enorme e muito gratificante. São muitas pessoas à espera de um doador”, destaca. “Estou muito feliz e grata por ter conseguido ajudar a Stephanie”, encerra.

Serviço
O Redome

O Redome(Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea) foi criado em 1993, em São Paulo, para reunir informações de pessoas dispostas a doar medula óssea para quem precisa de transplante. Desde 1998, é coordenado pelo Inca (Instituto Nacional de Câncer), no Rio de Janeiro. Com mais de 5,5 milhões de doadores cadastrados, o Redome é o terceiro maior banco de doadores de medula óssea do mundo e pertence ao Ministério da Saúde, sendo o maior banco com financiamento exclusivamente público. Anualmente são incluídos mais de 125 mil novos doadores no cadastro do Redome. Veja mais em https://redome.inca.gov.br/ e mantenha seus dados atualizados. 



Fotos: Reprodução

Marcos Tadeu e Stephanie se casaram em 2021, mas relacionamento já tem mais 10 anos


Transplante foi realizado em outubro de 2022, Stephanie então com 34 anos


Stephanie e Miréia se conhecem pessoalmente durante festa

Publicidade

Veja também