Um levantamento realizado, em 18 de agosto, pela reportagem indica que o preço médio da gasolina, em Presidente Prudente, está R$ 1,78 mais barato em relação a 11 de março, quando foi feita a última apuração por este periódico. Naquela ocasião, o valor médio do combustível era de R$ 6,96. Atualmente, o preço médio da gasolina em postos prudentinos é de R$ 5,18.
A baixa do preço final também é sentida no valor médio do etanol, que está R$ 0,83 menor se comparado àquela data: R$ 4,37 em março e R$ 3,54 em agosto. No entanto, o preço médio do diesel aumentou em R$ 0,27: R$ 6,75 no terceiro mês do ano e R$ 7,02 neste mês. Confira o comparativo na tabela abaixo:
NAS BOMBAS
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11 de março de 2022 |
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18 de agosto de 2022 |
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Estabelecimentos |
Gasolina (R$) |
Etanol (R$) |
Diesel (R$) |
Gasolina (R$) |
Etanol (R$) |
Diesel (R$) |
A |
6,95 |
4,35 |
* |
5,49 |
4,49 |
* |
B |
6,99 |
4,39 |
6,79 |
5,19 |
3,29 |
6,99 |
C |
6,97 |
4,37 |
6,77 |
4,99 |
3,37 |
* |
D |
6,89 |
4,39 |
6,68 |
4,84 |
3,26 |
6,73 |
E |
6,97 |
4,37 |
6,74 |
5,19 |
3,39 |
7,29 |
F |
6,99 |
4,39 |
6,79 |
5,39 |
3,49 |
7,09 |
Valor médio |
6,96 |
4,37 |
6,75 |
5,18 |
3,54 |
7,02 |
Fonte: Consulta aos postos
A reportagem conversou com o economista da Hollos-BDM Consultoria e professor da Toledo Prudente Centro Universitário e da Fatec (Faculdade de Tecnologia) de Presidente Prudente, Douglas Fernandes, sobre o cenário de variação do preço dos combustíveis.
De antemão, Douglas explica que a cadeia produtiva na qual os combustíveis estão inseridos é fator preponderante no preço em que o consumidor encontrará nas bombas dos postos. “Os combustíveis, assim como qualquer outro produto, possuem na composição de seu preço final: o custo de aquisição/produção; custo de distribuição; impostos; gastos operacionais; e naturalmente, a margem de lucro dos agentes integrantes de sua cadeia de distribuição [importador, refinaria, distribuidor e varejista]”, elucida.
Segundo o economista, as alterações no preço dos combustíveis no mercado nacional são compreendidas por meio do PPI (Preço de Paridade da Importação), estabelecido a partir de dois aspectos. “Trata-se de uma política de preços adotada pela Petrobras, desde 2016, baseada em dois fatores: paridade com o mercado internacional, ou seja, acompanha as flutuações de preços de derivados do petróleo; e margem de risco, relacionado com volatilidade da taxa de câmbio e custos logísticos”, ilustra Douglas.
O professor Douglas relata que os desdobramentos na cadeia global de produção e de abastecimento de derivados do petróleo no xadrez geopolítico, como a guerra na Ucrânia, foram fatores preponderantes para o aumento do combustível nos meses iniciais de 2022, somado à alta do dólar frente ao real, que impactou ainda mais a alta do preço no Brasil. “Alterações na cadeia global de produção e abastecimento de derivados do petróleo, agravadas pelo conflito no leste europeu, envolvendo Rússia e Ucrânia, geraram incertezas no mercado e refletiram no aumento do preço internacional do petróleo, que registrou suas máximas em março deste ano”, explica o economista. “Outro aspecto relevante foi a alta do dólar frente ao real, que impactou diretamente nos preços dos combustíveis no mercado interno, que sofreram expressivas altas”, acrescenta.
Conforme indica Douglas, no correr das águas de 2022, a partir dos embargos econômicos impostos à Rússia pelo ocidente em retaliação à guerra na Ucrânia, medidas de combate ao aumento da inflação em escala global, e a desaceleração econômica de China e Estados Unidos trazem ventos de recessão e, por isso, condicionam uma menor demanda de petróleo e, consequentemente, menor preço dos combustíveis. “Os russos suspenderam o fornecimento de petróleo e gás utilizado pela indústria europeia. Isso, associado às medidas de combate ao aumento da inflação em escala global, e, desaceleração das locomotivas da economia mundial, EUA e China, geram expectativas de um cenário recessivo. Como reflexo, a menor demanda por petróleo em escala mundial repercute em menor preço desta commodity”, pontua o economista.
“No cenário interno, a política de redução da carga tributária sobre o preço dos combustíveis permitiu um reflexo direto sobre o preço pago pelo consumidor, ao menos no curto prazo, visto que não foi definido como os Estados irão compensar as perdas na arrecadação”, comenta Douglas Fernandes.
De acordo com o economista, “a redução do preço dos combustíveis pago pelo consumidor é reflexo de variáveis internas e externas, com maior peso destas últimas”.
Na perspectiva de Douglas Fernandes, a influência da Petrobras está na sua política de preços e meta de lucro. “Não podemos esquecer que, mesmo tendo a União como acionista controlador, a empresa é uma companhia de economia mista, ou seja, de capital aberto, que visa lucro aos seus investidores”, indica o especialista. “Essa estrutura não permite ao governo [federal] interferir diretamente na política de preço e lucro da empresa. A prova disso é o número de presidentes que a companhia teve nos últimos 12 meses, todos indicados pelo governo [federal]”.
Nesta sexta-feira, um leitor de O Imparcial, morador de Franca, na região de Ribeirão Preto, indicou que o preço da gasolina em um posto de combustível por lá está em R$ 5,19, já o litro do etanol está R$ 3,49 e o valor do litro do diesel é de R$ 6,19.
Cedida/Inácio Silva
Em um posto de combustível em Franca (SP), litro da gasolina está R$ 5,19, já do etanol está R$ 3,49 e do diesel S10 está R$ 6,19
De acordo com o economista Douglas Fernandes, a diferença de preços praticados em diferentes regiões do país e no Estado de São Paulo envolve as variáveis presentes na formação do preço final dos combustíveis, como custos de distribuição e margem de lucro dos distribuidores e varejistas. “No que tange ao varejo de combustíveis, observa-se uma mudança significativa, que é a maior presença de redes de postos não ligadas a grandes companhias distribuidoras, porém, com poder de compra que lhes permite praticar preços mais competitivos”, relata.
Douglas Fernandes acredita que ao menos, até o final do ano, “a expectativa é de estabilidade ou mesmo de pequenas quedas, salvo mudanças no cenário externo, principalmente aquelas relacionadas com a China”. O economista indica que o cenário de continuidade de queda no preço dos combustíveis está “diretamente relacionado com variáveis de ordem externa, que ditam o preço do petróleo no mercado internacional, o comportamento do câmbio e da inflação interna”.