Em Prudente, preço médio da gasolina cai R$ 1,78 em relação a março

Levantamento de O Imparcial também indica baixa de preço no etanol, que está R$ 0,83 menor; já o diesel apresenta alta de R$ 0,27

PRUDENTE - CAIO GERVAZONI

Data 20/08/2022
Horário 04:05
Foto: Caio Gervazoni
Levantamento realizado quinta-feira pela reportagem indica que preço médio da gasolina está R$ 5,18 em Prudente
Levantamento realizado quinta-feira pela reportagem indica que preço médio da gasolina está R$ 5,18 em Prudente

Um levantamento realizado, em 18 de agosto, pela reportagem indica que o preço médio da gasolina, em Presidente Prudente, está R$ 1,78 mais barato em relação a 11 de março, quando foi feita a última apuração por este periódico. Naquela ocasião, o valor médio do combustível era de R$ 6,96. Atualmente, o preço médio da gasolina em postos prudentinos é de R$ 5,18.
A baixa do preço final também é sentida no valor médio do etanol, que está R$ 0,83 menor se comparado àquela data: R$ 4,37 em março e R$ 3,54 em agosto. No entanto, o preço médio do diesel aumentou em R$ 0,27: R$ 6,75 no terceiro mês do ano e R$ 7,02 neste mês. Confira o comparativo na tabela abaixo:

NAS BOMBAS

 

11 de março de 2022                          

 

 

18 de agosto de 2022

Estabelecimentos

Gasolina (R$)

Etanol (R$)

Diesel (R$)

Gasolina (R$)

Etanol (R$)

Diesel (R$)

A

6,95

4,35

*

5,49

4,49

*

B

6,99

4,39

6,79

5,19

3,29

6,99

C

6,97

4,37

6,77

4,99

3,37

*

D

6,89

4,39

6,68

4,84

3,26

6,73

E

6,97

4,37

6,74

5,19

3,39

7,29

F

6,99

4,39

6,79

5,39

3,49

7,09

Valor médio

6,96

4,37

6,75

5,18

3,54

7,02

Fonte: Consulta aos postos

A reportagem conversou com o economista da Hollos-BDM Consultoria e professor da Toledo Prudente Centro Universitário e da Fatec (Faculdade de Tecnologia) de Presidente Prudente, Douglas Fernandes, sobre o cenário de variação do preço dos combustíveis.
De antemão, Douglas explica que a cadeia produtiva na qual os combustíveis estão inseridos é fator preponderante no preço em que o consumidor encontrará nas bombas dos postos. “Os combustíveis, assim como qualquer outro produto, possuem na composição de seu preço final: o custo de aquisição/produção; custo de distribuição; impostos; gastos operacionais; e naturalmente, a margem de lucro dos agentes integrantes de sua cadeia de distribuição [importador, refinaria, distribuidor e varejista]”, elucida.

Preço de Paridade da Importação

Segundo o economista, as alterações no preço dos combustíveis no mercado nacional são compreendidas por meio do PPI (Preço de Paridade da Importação), estabelecido a partir de dois aspectos. “Trata-se de uma política de preços adotada pela Petrobras, desde 2016, baseada em dois fatores: paridade com o mercado internacional, ou seja, acompanha as flutuações de preços de derivados do petróleo; e margem de risco, relacionado com volatilidade da taxa de câmbio e custos logísticos”, ilustra Douglas. 

Cenário internacional

O professor Douglas relata que os desdobramentos na cadeia global de produção e de abastecimento de derivados do petróleo no xadrez geopolítico, como a guerra na Ucrânia, foram fatores preponderantes para o aumento do combustível nos meses iniciais de 2022, somado à alta do dólar frente ao real, que impactou ainda mais a alta do preço no Brasil. “Alterações na cadeia global de produção e abastecimento de derivados do petróleo, agravadas pelo conflito no leste europeu, envolvendo Rússia e Ucrânia, geraram incertezas no mercado e refletiram no aumento do preço internacional do petróleo, que registrou suas máximas em março deste ano”, explica o economista. “Outro aspecto relevante foi a alta do dólar frente ao real, que impactou diretamente nos preços dos combustíveis no mercado interno, que sofreram expressivas altas”, acrescenta. 

Diminuição dos preços

Conforme indica Douglas, no correr das águas de 2022, a partir dos embargos econômicos impostos à Rússia pelo ocidente em retaliação à guerra na Ucrânia, medidas de combate ao aumento da inflação em escala global, e a desaceleração econômica de China e Estados Unidos trazem ventos de recessão e, por isso, condicionam uma menor demanda de petróleo e, consequentemente, menor preço dos combustíveis. “Os russos suspenderam o fornecimento de petróleo e gás utilizado pela indústria europeia. Isso, associado às medidas de combate ao aumento da inflação em escala global, e, desaceleração das locomotivas da economia mundial, EUA e China, geram expectativas de um cenário recessivo. Como reflexo, a menor demanda por petróleo em escala mundial repercute em menor preço desta commodity”, pontua o economista. 

Cenário interno

“No cenário interno, a política de redução da carga tributária sobre o preço dos combustíveis permitiu um reflexo direto sobre o preço pago pelo consumidor, ao menos no curto prazo, visto que não foi definido como os Estados irão compensar as perdas na arrecadação”, comenta Douglas Fernandes. 
De acordo com o economista, “a redução do preço dos combustíveis pago pelo consumidor é reflexo de variáveis internas e externas, com maior peso destas últimas”.

Influência da Petrobras

Na perspectiva de Douglas Fernandes, a influência da Petrobras está na sua política de preços e meta de lucro. “Não podemos esquecer que, mesmo tendo a União como acionista controlador, a empresa é uma companhia de economia mista, ou seja, de capital aberto, que visa lucro aos seus investidores”, indica o especialista. “Essa estrutura não permite ao governo [federal] interferir diretamente na política de preço e lucro da empresa. A prova disso é o número de presidentes que a companhia teve nos últimos 12 meses, todos indicados pelo governo [federal]”. 

Diferença de preços

Nesta sexta-feira, um leitor de O Imparcial, morador de Franca, na região de Ribeirão Preto, indicou que o preço da gasolina em um posto de combustível por lá está em R$ 5,19, já o litro do etanol está R$ 3,49 e o valor do litro do diesel é de R$ 6,19. 

Cedida/Inácio Silva 

Em um posto de combustível em Franca (SP), litro da gasolina está R$ 5,19, já do etanol está R$ 3,49 e do diesel S10 está R$ 6,19

De acordo com o economista Douglas Fernandes, a diferença de preços praticados em diferentes regiões do país e no Estado de São Paulo envolve as variáveis presentes na formação do preço final dos combustíveis, como custos de distribuição e margem de lucro dos distribuidores e varejistas. “No que tange ao varejo de combustíveis, observa-se uma mudança significativa, que é a maior presença de redes de postos não ligadas a grandes companhias distribuidoras, porém, com poder de compra que lhes permite praticar preços mais competitivos”, relata. 

Futuro próximo

Douglas Fernandes acredita que ao menos, até o final do ano, “a expectativa é de estabilidade ou mesmo de pequenas quedas, salvo mudanças no cenário externo, principalmente aquelas relacionadas com a China”. O economista indica que o cenário de continuidade de queda no preço dos combustíveis está “diretamente relacionado com variáveis de ordem externa, que ditam o preço do petróleo no mercado internacional, o comportamento do câmbio e da inflação interna”.

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