“Estou ótimo por já estar na ativa”, celebra jornalista de Prudente após tratamento contra leishmaniose 

Após diagnóstico, alcançado por insistência e persistência de infectologista, Maycon Morano, 38 anos, ficou um mês internado na Santa Casa

PRUDENTE - MELLINA DOMINATO

Data 23/07/2025
Horário 04:02
Foto: Cedida
Maycon foi internado na Santa Casa de Misericórdia no dia 16 de junho
Maycon foi internado na Santa Casa de Misericórdia no dia 16 de junho

“Estou ótimo por já estar na ativa, com a família e por poder voltar a trabalhar. Agora, preciso esperar algumas semanas antes de fazer novos exames, mas a expectativa é que o parasita realmente tenha morrido”. A brincadeira é feita por Maycon Morano, 38 anos, jornalista, especialista em Ciência Política e bastante conhecido pelos 14 anos de atuação como diretor de Comunicação Institucional na Câmara Municipal de Presidente Prudente. Depois de um mês internado para tratamento contra a leishmaniose humana, ele teve alta hospitalar na última sexta-feira, dia 18.

Os sintomas começaram no dia 17 de maio. Foram mais de 10 dias de febre. Dores pelo corpo e um cansaço imenso. O fígado ficou “gigante”, como ele mesmo define. Somado a isso, um infarto esplênico, ou infarto do baço, como é comumente conhecido. O diagnóstico veio em 11 de junho. “Se não fosse a sabedoria do infectologista André Pirajá, bem como sua insistência e persistência em procurar a doença, eu poderia não ter feito o tratamento e vir a evoluir para óbito, já que, se não tratada, pode levar a morte até 90% dos casos”, ressalta Maycon, que atualmente trabalha como professor.

Agora sem restrições por conta da doença, que é transmitida pela picada do mosquito-palha infectado, o jornalista quer aproveitar o tempo com a esposa, Aline, com quem completa 10 anos de casado em setembro, e com os filhos, Alice, 3 anos, e Mateus, 7 meses, dos quais ficou afastado durante o tempo de internação na Santa Casa de Misericórdia, onde deu entrada em 16 de junho.

“Podia receber visita. A doença não é infectocontagiosa. Mas, via a família em geral. Já, os filhos, pela idade, não podiam entrar. Então, aos domingos, minha esposa os levava até a recepção e eu ia até lá um pouquinho, mas já tinha que voltar para o quarto. Isso era bem tenso”, recorda.

A experiência, conforme Maycon, “foi difícil, por ter que ficar em hospital, mesmo estando relativamente bem”. “Então, eu busquei tentar fazer algumas coisas, como levar notebook, li dois livros um tanto quanto complexos. Contudo, também foi bom para refletir sobre outras questões, conhecer realidades bem mais difíceis e complexas que a nossa. Planejar coisas novas e dar valor naquilo que realmente importa”, salienta.

“A ‘estadia’ no hospital não é nada boa. Mas, se não fosse pelo apoio diário da minha esposa em ir lá me ver todo dia – por conta da idade, eu não tenho direito a ter acompanhante para dormir, somente visita –, com certeza seria bem mais difícil do que foi... A Aline foi determinante na minha recuperação também”, reconhece o jornalista.

Diagnóstico

Maycon conta que percebeu os primeiros sintomas da doença na semana de 17 de maio, quando sentiu calafrios e apresentou um quadro febril. Não deu muita importância por acreditar que pudesse ser uma virose ou cansaço, já que estava mudando de casa na época. No final de semana seguinte, no entanto, começou a ter febre intensa, o que o levou a procurar uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento). Sem nenhum apontamento no resultado do exame de sangue, ele voltou para casa, mas, diante da persistência da febre, retornou à instituição de saúde, onde iniciou um tratamento contra a dengue.

“Mesmo não tendo dado nos exames, pode acontecer de ser mesmo dengue. O problema é que continuei com febre constante, todo santo dia, além de dor no corpo e um cansaço imenso. Só queria ficar sentado. Não dava conta nem de lavar uma louça”, lembra o jornalista. 

Após 10 dias de febre, ele marcou uma consulta com o infectologista. “De cara, ele já descartou a dengue, por conta dos sintomas e a persistência da febre alta. Também iniciou uma dor no ‘pé da barriga’, região dos órgãos viscerais. Aí, depois da anamnese, apalpou os órgãos e percebeu um certo inchaço no fígado, mas precisava de exames”, conta Maycon, que fez tomografia e avaliações do coração.

“Daí, começaríamos uma nova etapa de exames mais pesados e mais caros, porque eu estava fazendo tudo no particular. Senão, teria que internar para investigar. Aí, o dr. Pirajá pediu colonoscopia e endoscopia. Caso não desse em nada, teria que partir para exames de scanner do corpo todo, câncer, etc...”, explica. “Ele pediu uns exames de sangue para antecipar, caso precisasse internar, porque é padrão de internação. Hepatites, sífilis, HIV e outros”, prossegue.

“Então, ele [André] disse: ‘se encaixa com os sintomas, mas é muito difícil aqui na nossa cidade. Quase nunca ocorre, mas vou incluir aqui no pedido para leishmaniose’. Fiz o exame por volta das 12h. No meio da tarde o laboratório já ligou para ele confirmando”, lembra Maycon, que então retornou à UPA para solicitar atendimento por meio do Siresp (Sistema Informatizado de Regulação do Estado de São Paulo), antiga Cross (Central de Regulação de Ofertas e Serviços de Saúde), o que resultou na internação na Santa Casa.

Importância do especialista

O professor conta que, antes de iniciar o tratamento com a medicação específica para a doença, a febre passou, o que o leva a crer que, se não fosse pela insistência do médico, ele teria parado de buscar um diagnóstico. “É comum o bicho dar uma sumida, porque o corpo começa a combater a doença. Só que esse ‘combater’ acaba com os órgãos. Aliás, o baço faz isso: para combater, ele produz mais anticorpos, e se ‘auto-infarta”’, descreve. “Então, sem febre, eu ia largar mão e tocar a vida. Mas, aí os órgãos viscerais continuariam sendo afetados, com possibilidade, inclusive, de espalhar para a medula, que é uma característica da leishmaniose. Tanto que eu fiz exame de punção lombar durante a internação para saber se tinha chegado lá também”, revela Maycon.

“Eu sou uma pessoa que corre de médico. Não gosto de hospital nem para visitar familiar. Não me dou bem com essas situações. Por isso, é importante ressaltar a necessidade de se procurar um especialista de confiança para investigar doenças quando você não está bem”, reforça o jornalista, que não possui cães.

Cedida


Maycon com a esposa, Aline, com quem completa 10 anos de casado em setembro, e os filhos

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Por um mês, jornalista encontrou filhos Alice e Mateus na recepção de hospital, por poucos minutos

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