"Lágrimas Tardias"

DignaIdade

COLUNA - DignaIdade

Data 18/08/2020
Horário 06:08

A femme fatale é um dos icônicos personagens dos clássicos filmes policiais em estilo noir (fotografia em sombras, tramas misteriosas, detetives durões, mulheres destruidoras em roteiros recheados de crimes e reviravoltas). Jane Palmer (Lizabeth Scott) não é nem de longe a mais citada ou famosa, mas é sem dúvida, a mais cruel e sórdida dos filmes produzidos naqueles áureos anos. “Lágrimas Tardias” (Too Late For Tears) foi produzido em 1949 pelo diretor Byron Haskin. Na trama, um casal (Arthur Kennedy e Lizabeth Scott) tem literalmente uma mala que caiu em seu carro e encontram uma bolada para a época: 60.000 dólares. O esposo honesto quer devolver o dinheiro, mas Jane lentamente vai lhe mostrando que ela não vai deixar que o dinheiro lhe escape das mãos. Nada é uma barreira para ela, nenhuma vida importa, pois a loira não tem um coração, e sim um cofre dentro do peito. E ela quer rechear com dólares. E o bandido malvado da história (Dan Duryea) é fichinha para esta femme fatale que deve ter inspirado muitas vilãs de novelas. A frase dita por Duryea no filme, a resume: “Sabe de uma coisa, tigresa? Não mude nunca. Acho que não gostaria de você, se você tivesse coração”.
    

“Ageísmo nas celebridades”

O mundo das celebridades (hoje não apenas artísticas, mas midiáticas) é um dos que mais sofrem o impacto do preconceito quanto à idade. Ageísmo é o termo utilizado para a forma preconceituosa em que as pessoas são julgadas de acordo com critérios estereotipados voltados para a juventude. Esta diminuição pré-concebida dos idosos torna a pessoa integrante de um rótulo comum: se você é idoso, você é lento, fraco, dependente, senil. Se a pessoa já teve uma fase de sucesso, nesta visão ageísta é natural que seu brilho acabou porque envelheceu, porque os holofotes e atenções são voltados para o belo, o novo, o jovem. Obviamente, que os jovens de cada época cultuem novos ídolos e deem maiores atenções às pessoas de suas próprias gerações: é como se o sucesso dele pudesse ser o seu, ou como se o astro representasse o seu gosto pessoal. O que não é natural é a voracidade em destruir quem passou para a maturidade. Uma máquina que tritura carreiras e zomba de transformações físicas. Você esperar que as pessoas que envelheçam devam assumir o estereótipo da vovó de coque ou da cadeira de balanço, já é por si só, uma ideia ageísta. Desmorona-se o respeito pela história da pessoa, pois a zombaria e a ridicularização pública do dedo apontado se tornam armas digitais. As atitudes modernas e avançadas de Madonna há três décadas não são mais assinadas embaixo por uma audiência absorta pelas suas conquistas: agora ela é uma velha ridícula que não se enxerga que está velha e continua fazendo apresentações, seminua. Assim, indiretamente determinamos que sensualidade e liberdade são para os jovens: os velhos que se recolham dentro de seus lares? Betty Faria causou espanto ao frequentar praias usando biquínis estando acima dos 70 anos. Deveria ela usar hábito para não afrontar o mundo com suas rugas e flacidez? Que ageísmo tacanho e superado, que esvazia vidas e limita direitos da velhice! Pior é quando ele é exercido por pessoas que também estão envelhecendo: destruição de si mesmo ou boicote àqueles que ousam agir de forma livre? Um grande viva aos envelhecentes libertários de qualquer idade!

Dica da semana

Filmes - DVD

Box – Filmes de Tribunais:
A Versátil Home Vídeo lançou um box com três DVDs contendo seis filmes com temáticas sobre julgamentos e tribunais. Para quem gosta deste tipo de trama é um prato cheio. Dentre os filmes, destaque para “O Crime Não Compensa” (1949), de Nicholas Ray com Humphrey Bogart e John Derek; “A Verdade” (59), de Henri-Georges Clouzot com Brigitte Bardot; “Juventude Selvagem” (61), de John Frankenheimer com Burt Lancaster e Shelley Winters. 


 

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