É melhor ser amado ou ser temido? (Maquiavel)

Persio Isaac

CRÔNICA - Persio Isaac

Data 19/09/2021
Horário 06:47

Iosif Vissarionovitch Djugachvili sofria violência junto com sua mãe. Seu pai era alcoólatra e, por conta disso, o casamento acabou. Sua mãe tinha perdido os dois primeiros filhos e queria que ele se tornasse padre. Aos 8 anos, entrou para seminário de Gori, onde por ser excelente aluno, obteve uma bolsa. Era o melhor aluno da classe, muito bom em aritmética e matemática e com uma memória prodigiosa. Nunca foi tocado pela fé, pois os ritos do culto o entediavam. 
Aos 13 anos, lia livros que eram proibidos como: Galileu, Copérnico, Victor Hugo e escritores da literatura russa como Gógol. A leitura era sua melhor amiga e lia sempre à noite escondido, sob a luz de velas. Quando descoberto pelos monges, era colocado na solitária em regime severo. Quando leu Darwin, encerrou suas dúvidas sobre a existência de Deus: "Eu já sabia. Deus não existe". 
Anos mais tarde, aos 21 anos, se tornou um revolucionário vivendo sempre na clandestinidade, mudando seu nome para Josef Stalin. Participou ativamente da Revolução Russa. Lenin estava com sua saúde em risco por causa de um derrame. Naquele momento, quatro postulantes disputavam a posição para ser o novo secretário-geral da União Soviética: Stalin, Kamenev, Zinoviev e Trotsky. Stalin não era o favorito de Lenin, pois o achava muito rude. Trotsky o achava muito grosseiro.  Lenin era um intelectual que vivia na Europa antes da revolução russa. Stalin nasceu no mundo dos esquecidos. Mas tinha conseguido prestígio para postular a posição de secretário geral do Partido Comunista. 
Lenin morre e quatro anos mais tarde ele assume o poder depois de intensas disputas. Seu governo foi marcado pelo desaparecimento das classes sociais, perseguição às classes mais ricas, industrialização com uma economia planificada e uma forte perseguição aos seus opositores. Manda assassinar seu mais duro opositor, Leon Trotsky no México. Um regime de terror e medo que durou 30 anos. Todos temiam Stalin, até sua família. Sua mulher, Nadejda Sergeyevna Alliluyeva, se suicidou depois de discutir em um jantar festivo e se posicionar contra políticas de coletivização do governo. Ela era filha mais nova do revolucionário Sergei Alliluyev. 
A última centelha humana havia sido apagada em Stalin, depois da perda de Nadejda. Milhões de pessoas morreram nesse regime. Atrocidades foram cometidas. O medo dominava as mentes e os corações dos russos. Apesar de sua imagem propagada como um homem de ferro, era cheio de medos e fobias. Vivia em extrema paranoia e só dormia quando chegava à exaustão física e mental, pois tinha medo de morrer dormindo. Suas refeições eram constantemente testadas para certificar que não estavam envenenadas. 
Numa manhã, Stalin não se levantou na hora costumeira. Os empregados do palácio ficaram com medo de bater na porta e acordá-lo. Mal sabiam que Stalin estava no chão agonizando, vítima de um derrame. Horas se passaram até que criaram coragem e abriram a porta e viram seu grande líder perto da morte. Não sabiam o que fazer, não o tocavam, o medo era maior. Stalin foi vítima do seu próprio regime que criou, onde todos o temiam, não o amavam. Maquiavel disse: "É melhor ser amado, pode até ser temido, mas nunca odiado".

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