“Nascemos de novo”, diz Babu, vereador prudentino que sobreviveu à tragédia em Regente Feijó

Luís César Saito Santos bateu cabeça em treliça quando engatinhava com esposa para sair dos escombros de estrutura que veio abaixo com força do vento

REGIÃO - MELLINA DOMINATO

Data 03/11/2025
Horário 10:30
Foto: Cedida
Vereador Babu, filho que é estudante de Medicina, e a esposa: “essa poderia ser nossa última foto”
Vereador Babu, filho que é estudante de Medicina, e a esposa: “essa poderia ser nossa última foto”

“Nós nascemos de novo. As imagens ficam na cabeça e toda vez que penso no que passamos, me emociono”. As palavras são de Luís César Saito Santos, o vereador de Presidente Prudente “Babu da Cohab” (PP), sobre a experiência que viveu na madrugada deste domingo, quando uma tragédia ocorreu durante uma festa de estudantes de Medicina, no Aeropark, em Regente Feijó. Ele chegou a bater a cabeça em uma treliça enquanto engatinhava sob os escombros da estrutura que cedeu sobre cerca de 2 mil pessoas que participavam do evento. Felizmente, está fisicamente recuperado e já se encontrava em seu gabinete na Casa Legislativa na manhã desta segunda-feira.

Ele foi à festa acompanhado da esposa e de um amigo, para celebrar a “Meio Doutor – Turma 56”, festa que marca a chegada dos estudantes à metade do curso de Medicina, do qual seu filho está entre os alunos. “Falei para minha esposa: essas poderiam ser as nossas últimas fotos”, conta, sobre os registros feitos pela família durante o evento. “Meu filho faz parte da comissão organizadora. Na sexta-feira ele chegou a me ligar para falar das licenças e chegamos a constatação de que estava tudo certo. Para quem é de fora é fácil falar, criticar, mas estava tudo regular, não havia nenhum problema”, conta Babu.

Ele explica que, no local do evento havia uma tenda que cobria a maior parte do espaço, a qual ficava sobre um palco, uma pista de dança e parte do camarote, onde ficavam os pais dos universitários. Foi essa tenda, com toda sua estrutura metálica, que veio abaixo com a força dos ventos, que chegaram a 95 km/h, acompanhada de chuva intensa.

“Quando começou a chover, passamos para a parte coberta do camarote, mas como a intensificação do vento, resolvemos sair. Minha esposa, meu amigo e eu passamos a entrada da pista e tudo começou a ceder. Gritei para abaixarem e fomos engatinhando pelo chão até conseguir sair dali. Dali falei para eles irem para o carro e corri para procurar meu filho”, recorda o vereador.

“Um segurança tentou me impedir de voltar, mas insisti que precisava procurar meu filho. Neste meio tempo, bati a cabeça em uma treliça, mas na hora não senti nada. Foi então que, em cinco minutos, o vento parou, mas a chuva persistiu. Achei meu filho e a namorada e só ouvia muita gente gritando em busca de familiares. Pessoas ensanguentadas e até seguranças tentando segurar a estrutura metálica. Tudo isso na tentativa de salvar aquelas pessoas”, ainda relembra Babu, que imediatamente passou a ligar para os serviços de emergência.

O parlamentar revela que somente após deixar o local da festa pôde sentir que a cabeça estava latejando. Ele chegou a ir até a Santa Casa de Misericórdia de Prudente, que estava lotada após receber 21 feridos no evento, e decidiu voltar para casa. “Descansei, mas acordava revivendo a cena. Minha esposa e meu filho também ficaram muito abalados. Mas, não como vereador, mas como pai de aluno mesmo, pude presenciar que o serviço de socorro foi 100%”, menciona.

“Todo mundo se comoveu e se uniu para salvar as pessoas que ali estavam. Poderia ter sido uma tragédia maior, pois eram mais de 2 mil pessoas embaixo daquela estrutura. Mas, o 192 [Same - Serviço de Atendimento Móvel de Emergência], Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, ambulâncias municipais de Regente e Tarabai, todos foram essenciais e prestaram um excelente serviço, fazendo o que fosse possível”, salienta Babu.

Vítima fatal
O vereador conta que, ainda na festa, percebeu que Marcelo Giglio de Souza, 47 anos, a única vítima fatal da tragédia, o qual ele conhecia, tinha conseguido correr para fora dos escombros. No entanto, ele e a esposa teriam ficado sob uma árvore, da qual, conforme o Corpo de Bombeiros, um galho se rompeu e atingiu Marcelo na cabeça, provocando traumatismo craniano grave

Levado ao HR (Hospital Regional Doutor Domingos Leonardo Cerávolo), Marcelo não resistiu e foi a óbito. Ele recebe as últimas homenagens na Casa de Velório Athia, em Pirapozinho, município em que será sepultado no Cemitério Municipal, às 10h dessa segunda-feira.

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