“Nua diante de ti?” é um pensamento que me ocorreu, sobre as mulheres que sentem vergonha de seu próprio corpo e certa inibição ao despir-se para si e para o outro em uma relação íntima. São uma infinidade delas. Privam-se da liberdade (gozo) de sentir-se plena ao serem amadas, tocadas, ter e sentir prazer. Muitas vivem prisioneiras, negando experiências amorosas, íntimas e afetivas. Outras, necessitando, muitas vezes, de um quarto totalmente, escuro.
“Nua diante de ti? Não consigo nem diante de mim”, dizem. “Tenho vergonha do meu corpo”. “Odeio todos os espelhos”. “Tenho os peitos horrorosos, tenho um abdômen que cai até a virilha”! “Meus cabelos estão ralos, caindo pelo ralo!”, “Tenho orelha de abano!”. Realmente as mulheres sofrem muitos preconceitos e discriminações. Há certa exigência pela sociedade, principalmente, a contemporânea, por um corpo perfeito. São excluídas no processo seletivo em instituições, empresas, organizações, etc. Seria tão importante que mulheres com esse perfil buscassem acompanhamento, apoio e ajuda especializada de profissionais como os psicoterapeutas, psicólogos e psicanalistas.
Por que as mulheres são tão criticadas quando procuram pelos cirurgiões plásticos, esteticistas, dermatologistas, etc.? E os homens? Também são deverasmente criticados ao buscar ajuda para tornarem-se mais atraentes. Todos nós temos o direito pela busca do sentir-se melhor, esteticamente falando. Somos merecedores em sentir plenos e realizados, lindos e desejados. Evitar sair de casa, narcisismo, esconder-se dentro de roupas inadequadas e incapacidade para reflexões de soluções óbvias só levarão a desdobramentos caóticos e patológicos. Sozinhos muitas vezes, o problema aumenta vultuosamente.
Atualmente e paradoxalmente, é visível que estamos observando excessos em direção à perfeição corporal. Aqui, abro espaço para o negativo do embelezamento. Acreditem, há pessoas com a autoestima baixa, sentimento de menos valia, depressão ou ansiedade, por não terem condições de olharem-se no espelho. É importante refletir se realmente o incômodo está no corpo e no seu formato. Na maioria das vezes, são conflitos internos, psíquicos. Nossa saúde mental afetada, saturada por pensamentos ruins, desvitalizados ou desagregadores, arruína o fora (exterior), o meio ambiente em que vivemos.
Outro ponto que penso ser relevante é sobre as mulheres mastectomizadas pelo câncer de mama, também devem buscar pelo seu direito à plenitude, sonhos e beleza estética. A reconstrução das mamas poderá trazer um grande benefício para a autoestima, amor-próprio e liberdade de ir e vir em direção à infinidade de conquistas. A transitoriedade é para todos, sem distinção. Vamos aproveitar a beleza da rosa agora, e apreciar a sua beleza. São os segundos de eternidade.
Freud (1956-1939), em seu texto, observa que o valor da transitoriedade (1916[1915]) é o valor da escassez no tempo. A limitação da possibilidade de uma fruição (usufruto) eleva o valor dessa fruição. Ele enfatiza a importância do trabalho do luto, que envolve a aceitação da perda e a renuncia a algo que era importante, para que possamos amar a vida apesar da dor.