Os anos 50 do século 20 foram o ápice do cinema de inspiração bíblica, que atraía multidões que precisavam de grandes espetáculos para ir aos cinemas em plena popularização da TV norte-americana. “O Cálice Sagrado” (“The Silver Chalice”) de 1954 é dirigido por Victor Saville na técnica de CinemaScope que usavam lentes anamórficas para exibição de filmes em tela larga (widescreen), uma novidade na época. Na história, no século I d.C., o escultor grego Basílio (Paul Newman) após ser vendido como escravo foi incumbido de uma grande tarefa: fazer um trabalho em prata, usando o cálice que Jesus usou na Santa Ceia, imprimindo o rosto de Jesus e dos 12 apóstolos. Em Jerusalém, ele se casa com Débora (Pier Angeli), mas deseja a voluptuosa Helena (Virginia Mayo), a mulher de um falso profeta, Simão (Jack Palance), que se julga o novo Messias. O filme não fez estrondoso sucesso, mas marcou a estreia no cinema de Paul Newman, que se tornaria um dos maiores atores de todos os tempos.
“Evolução e involução”
A vida é uma constante evolução e nós, humanos, fazemos parte deste avançar em processo contínuo (os primatas de 70 milhões de anos deram origem a hominoides há 20 milhões de anos, seguidos dos hominídeos do gênero Australopiteco há 3 milhões de anos. Depois vieram Homo hamabilis, Homo erectus, Homem de Neandertal e Homo Sapiens, há pouquíssimos 100 mil anos). Cada conquista da espécie humana foi lentamente adquirida, aprimorada, desenvolvida. Muitas práticas foram modificadas, introduzidas, e outras deixadas de lado. E não precisamos ir tão longe para observar isso: quantos avanços foram conquistados nos últimos 100 anos. Dos velhos Ford bigode aos carros multifuncionais da atualidade, do 14 Bis aos aviões a jato, da ideia da lua ser habitada por São Jorge e seu dragão até o homem pisar nela, da velha máquina de escrever aos smartphones e computadores globalizados. Foi uma explosão de desenvolvimento e grandes mudanças incorporadas no cotidiano das pessoas. Os cinquentões pra cima experimentaram na prática muitas mudanças durante suas próprias vidas, e não apenas por relatos históricos. E assim como ocorreram avanços monumentais e inimagináveis há um século, muitas coisas foram se perdendo. Quando você observa construções históricas (como o centro de São Paulo), dá para perceber que muitos detalhes arquitetônicos em fachadas, abóbadas, marquises se perderam com o tempo: não tem mais profissional que faça aquilo, as esculturas barrocas (como Aleijadinho em Minas Gerais), ou esculturas renascentistas (como o maior deles, Michelangelo) no máximo são reproduzidas, e sem desmerecer a incrível escultura e arquitetura moderna, nos parecem mais o brilhantismo da tecnologia do que o lapidar artístico que existia no passado. Crianças atuais nascem conectadas com inteligência digital impressionante, no entanto, quando se fala das velhas brincadeiras de infância, não se trata de saudosismo, mas da necessidade de estimular áreas cerebrais diversas, como aptidões físicas e motoras, lúdicas, que estão muito reduzidas na atualidade. O simples ato de escrever está ficando cada vez mais desimportante (não se trata de escrever corretamente, mas sim de usar as mãos em suas potencialidades), o cálculo mental desapareceu com a rapidez das calculadoras digitais tão disponíveis (será o fim da velha tabuada?). Evoluímos e involuímos ao bem do progresso.
Dica da Semana
Livros
“Canto de Rainhas - O poder das mulheres que escreveram a história do samba”:
Autor: Leonardo Bruno. Editora Agir. O livro relata a história de diferentes mulheres que fizeram sua história na música brasileira, em particular com o samba, enfrentando o machismo e racismo estruturados no país. A presença de Alcione, Beth Carvalho, Clara Nunes, Clementina de Jesus, Dona Ivone Lara e Elza Soares, como protagonistas.