A fim de transformar a extensão da linha férrea em um ambiente integrado, acessível e que estimule o convívio social, a Prefeitura de Presidente Prudente desenvolve atualmente um projeto de revitalização do trecho. Caso aprovado pelo governo estadual, o plano poderá ser incluído no programa Bairro Paulista, que tem como objetivo transformar regiões urbanas em espaços mais sustentáveis e inteligentes, com foco em mobilidade urbana, segurança viária e qualidade de vida. Os detalhes da proposta foram conhecidos pelo subsecretário estadual de Desenvolvimento Urbano e Habitação, José Police Neto, que esteve na capital do oeste paulista nesta quinta-feira.
Acompanhado do prefeito Milton Carlos de Mello, Tupã (Republicanos), e de secretários municipais, José Police percorreu o trecho da Rua Mendes de Moraes, onde o projeto está sendo desenvolvido. Na oportunidade, conforme anunciou a administração municipal, o gestor público, que também é arquiteto, destacou o potencial da região para se tornar um eixo de desenvolvimento sustentável. “Ele sugeriu a implantação de parcerias com o comércio local para gerar mais movimento e fortalecer economicamente a região da linha férrea”, cita a Prefeitura.
“A linha férrea, que antes unia, hoje fragmenta a cidade. Nosso objetivo é devolver esse espaço à população, criando áreas com ciclovias, paisagismo, calçadas seguras e equipamentos voltados ao bem-estar, como as academias da melhor idade”, explica o chefe da Seplan (Secretaria Municipal de Planejamento e Habitação), Laércio Alcântara.
Conforme o Executivo, o projeto segue sendo construído e, com a visita do subsecretário, “será ainda mais assertivo”. “O olhar dele contribuiu muito para a reconexão que queremos desenvolver nesta região”, considerou Laércio, por meio da Secom (Secretaria Municipal de Comunicação).
Recurso para um projeto urbanístico a fim de restaurar a área ao entorno da ferrovia, com implantação de ciclovia, praça, iluminação e área de esportes foi anunciado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), em visita à cidade, em junho. Como noticiado neste diário, sem citar valores, ele afirmou na ocasião que uma ação civil pública para devolução do trecho que envolve a ferrovia já está em andamento pelo governo federal. “Na verdade, o que se quer? Que haja indenização pelo investimento que deixou de ser feito ao longo do tempo, da manutenção dessa ferrovia, e que esse investimento possa ser utilizado em prol da cidade”, detalhou.
“O Tupã já desenvolveu um projeto urbanístico e a ideia é aproveitar boa parte deste projeto, fazer algumas adaptações e inserir esse trecho, que hoje divide a cidade, em um contexto urbano. Vamos fazer passagens em desnível de um lado para o outro, acabando com essa segregação, integrando toda essa área que é nobre para a cidade. O governo do Estado está disposto a entrar com recurso e a gente pode se valer da própria indenização que será paga pela devolução do trecho”, pontuou Tarcísio.
Responsável pelo trecho em estudo para receber tais melhorias, a Rumo Logística afirma que vê com bons olhos iniciativas que promovam o uso responsável e seguro do espaço ferroviário e ressalta que tem mantido “diálogo construtivo” com a Prefeitura, “em busca de soluções viáveis para a área da ferrovia”. “Assim como já apoiou projetos anteriores na cidade, como a cessão da antiga estação ferroviária, hoje utilizada pelo Procon [Programa de Proteção e Defesa do Consumidor] municipal, a empresa segue aberta à cooperação institucional”, frisa.
A empresa considera importante destacar, no entanto, que qualquer intervenção na faixa de domínio da ferrovia requer análise técnica e aval da concessionária, uma vez que se trata de uma área sob gestão federal, com regras específicas de uso definidas pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres).
“O trecho em questão está sob responsabilidade da empresa, que realiza manutenções regulares com foco na segurança e integridade da malha, mesmo nos trechos atualmente sem circulação ativa de trens. A empresa permanece à disposição para apoiar iniciativas que respeitem os parâmetros regulatórios e contribuam para o desenvolvimento urbano sustentável”, ressalta a Rumo.