O Circo (2)

Sandro Villar

O Espadachim, um cronista que mostra a verdade nua e crua, sem mentira vestida e cozida

COLUNA - Sandro Villar

Data 13/07/2023
Horário 05:30

Quando o circo chegou à cidade paulista de Jacareí, onde não deve ter jacaré nem de cativeiro, todo mundo saiu às ruas para ver a caravana passar. Houve cobertura, não sei se de chantilly, da imprensa, principalmente da chamada imprensa falada, mais conhecida como rádio. Dois dias depois da chegada, o circo já estava armado e reconheço que esse negócio de "circo armado" soa meio erótico.
E não é que logo na estreia deu a maior zebra? Encrenca das grossas. Mas antes de chegar aos "finalmente", como diria o prefeito Odorico Paraguassu, devo te dizer, como falava Vicente Matheus, que o circo era bem ajeitado e o dono previa uma temporada bem-sucedida. Nada de lona rasgada, caindo aos pedaços. Colorida, a lona chamava a atenção. O circo, que era europeu, tinha animais, como leões, tigres, zebras e dois elefantes.
No dia da estreia, sábado à noite, alguns moleques tentaram assistir ao espetáculo de graça, pensando em passar por baixo do pano. Acontece que circo luxuoso não tem buracos no cercado. Entrar por baixo e ficar por cima na arquibancada só é possível em circo mixuruca montado na periferia. Nenhum garoto entrou de graça no circo europeu.
O circo só apresentou o espetáculo de estreia, que ficou marcado por um episódio mais hilário que certos discursos no Congresso Nacional. Os bacanas da cidade ficaram literalmente sujos, e quem perde o seu precioso tempo lendo estas mal digitadas linhas vai entender o motivo. Como o rapaz aqui disse acima, foi uma encrenca das grossas e tanto isso é verdade que foi dado um prazo de 48 horas para o circo deixar a cidade. 
Tudo por causa dos dois elefantes, que roubaram a cena no picadeiro. Nas cadeiras numeradas da primeira fileira sentaram-se o prefeito, o presidente da Câmara de Vereadores, o juiz de Direito e Esquerdo, o delegado e alguns jornalistas e radialistas. Foi aí que aconteceu o pior, ou o melhor do show para a plateia sentada na desconfortável arquibancada.
Com o bundão virado para o lado onde estavam as autoridades, um dos elefantes teve uma crise de diarreia e, para espanto geral, lançou um jato verde na direção do prefeito e companhia. Eles ficaram mais verdes que o incrível Hulk e o personagem do ator Jim Carrey no filme “O Máscara”. Inquieto, o paquiderme se mexia muito e, talvez por isso, aumentava, digamos, o alcance do resíduo que expelia, para não dizer outra coisa, pois este é um jornal de família.
Para complicar a situação, o outro elefante também resolveu "colaborar", deixando o domador desesperado. Mais afastado, sem ser atingido pelo líquido verde, o respeitável público da geral morria de rir. No dia seguinte, o dono do circo foi chamado às falas pelo delegado, de quem ouviu muitas e más e não poucas e boas.  
Dizem as más línguas que ele quis se vingar do prefeito, que teria cobrado uma taxa de alvará abusiva. Por isso, deu um purgante poderoso aos elefantes. Soube-se depois que o purgante era uma mistura de óleo de rícino com azeite de dendê, o que é dose pra elefante.   
    
DROPS
 
Quem lava a honra com sangue prejudica o hemocentro da Santa Casa.
 
Todos são iguais perante a lei... da gravidade.
 
A mentira tem perna curta, a Warner Bros tem Pernalonga.
 
O que custa os olhos da cara deixa o cliente cego.

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