"O Profeta"

DignaIdade

COLUNA - DignaIdade

Data 01/02/2022
Horário 07:09

A novela “O Profeta” foi um dos grandes sucessos da autora Ivani Ribeiro na extinta TV Tupi entre 1977-78. Exibida às 20h chegou a ganhar da Rede Globo no Ibope que exibia “Espelho Mágico” à época. A história contava dos poderes paranormais do jovem Daniel (Carlos Augusto Strazzer) que tem a capacidade de prever o futuro. No entanto, influenciado, ele acaba usando seus poderes em proveito próprio para obter fama e dinheiro, ao invés de beneficiar as pessoas. Monta um consultório e tem um programa de sucesso na TV se tornando um homem mesquinho e frio, mas ao prever a morte do amigo Murilo (Walter Prado), acaba sendo acusado de cometer o crime. Paralelamente ele se envolve com três mulheres: a bela Sônia (Elaine Cristina), a fútil Ruth (Glauce Graieb) e a desengonçada Carola (Débora Duarte). Um grande elenco que contou ainda com Márcia de Windsor, Rolando Boldrin, Irene Ravache, Ana Rosa, Cláudio Corrêa e Castro e Suzy Camacho. Teve um remake na Globo em 2006 que ficou muito aquém do original com Thiago Fragoso e Paola Oliveira nos papéis principais. 
    
“Contemporaneidade de pensamentos”

A diferença de idade nos relacionamentos, quer sejam familiares, amorosos ou de amizade, sempre foi motivo de discussões e questionamentos. Não se trata apenas de uma questão estética onde os iguais se atraem e os diferentes se repelem, mas principalmente no pensar e no agir. Os velhos preconceitos sobre relacionamentos com abismos etários tendem a chacotear os idosos pela implausibilidade de serem alvos da paixão dos mais jovens. Valoriza-se a pele lisa e ridiculariza-se a deterioração da matéria. O jovem que se joga num relacionamento afetivo com uma pessoa mais velha já sabe também que vai receber a fama de querer levar vantagem em algo financeiro. Não se passa pela cabeça de ninguém que esta vantagem possa ser de outra natureza: o simples fato de ser. É mais comum e provável que os relacionamentos se construam em pessoas da mesma geração, por similaridade de influências, construção de verdades semelhantes e até mesmo por um pensamento parecido moldado pela época e seus valores. No entanto, é muito possível, que pessoas nascidas em gerações diferentes sejam contemporâneas em suas reflexões. Não se trata de um jovem que pensa como velho, ou velho que permanece jovem moldando-se ao parceiro, mas simplesmente, valores individuais que se combinam e se completam em outro semelhante de RG distante. Pessoas mais velhas não serão sempre um poço abundante de experiências a serem transmitidas para os mais jovens, e nem sempre jovens são imaturos e inconsequentes precisando de um disciplinador. Se a gente refletir um pouco, depois que nos tornamos maduros, nossa forma de pensar e nossos valores íntimos não mudam muito, dá impressão que lá no fundinho somos a mesma pessoa que éramos há algumas décadas (às vezes o físico e algumas limitações denunciam). Essa mesma pessoa, hoje envelhecida, pode ter uma simbiose de pensamentos bem mais adequada com alguém que eventualmente nasceu bastante tempo depois, do que necessariamente com outra que viveu tanto quanto ela. Temos várias idades: cronológica, civil, biológica, funcional, estética, mas uma idade bastante difícil de aferir e tabelar é a idade do pensamento. Não confunda atração com interação. 

Dica da Semana

Livros 

“Tesão de Viver – Sobre Alegria, Esperança e Morte”:
Editora Planeta. Autores: Clóvis de Barros Filho e Júlio Pompeu. O livro se encaixa perfeitamente a esta fase de pandemia, embora escrito antes dela, e reflete sobre os altos e baixos da vida. Pequenas histórias trágicas e cômicas, banais e pungentes, impactantes e borocoxôs para que possamos amar a vida em todos os seus momentos. 
 

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