Ouse chegar ao final

Roberto Mancuzo

CRÔNICA - Roberto Mancuzo

Data 21/11/2023
Horário 06:07

Sabe o que é triste? É que mais da metade dos leitores desta crônica não vai chegar até o final dela. 
E nem é porque o texto é ruim. Antes fosse. O problema é que tenho visto cada vez mais uma naturalização da ausência de leitura na vida das pessoas. 
Texto virou sinônimo de canseira, de arrasto. A pessoa até tem um certo ímpeto porque o título é legal, o começo promete, mas de repente, falta força, ou melhor, falta vontade mesmo de fazer a mente se abastecer de palavras. 
Se a leitura vai ser boa ou ruim, você só saberá ao final, mas esta é a proposta. Ela exige da gente que nossos neurônios atuem da forma como foram planejados. São dispositivos que só evoluem pelo pensamento ativo. 
E como já disse certa vez, a naturalização chega a tal ponto que nas redes sociais tenho visto discursos cada vez mais comuns de que escrever muito é ruim. É coisa do mal, de quem está afastado de Deus. E quando de repente sua alma exige botar pra fora em palavras aquilo que a alma não aguenta mais suportar, a pessoa pede desculpas “pelo textão”. 
Triste momento este. E não digo isto porque sou escritor, jornalista e vivo de textos. O que me incomoda é que desprezar a leitura é desprezar parte da nossa natureza humana, ávida por conhecimento real, denso, profundo. 
Pelo contrário, assisto cada vez mais aulas de pura ignorância, de pessoas se orgulhando por não gostarem de ler, de conhecer, como se fossem animais selvagens que diante da pressão expõem toda sua selvageria. 
Eu escrevo com minha caneta, com meus dedos na tela ou no teclado, escrevo quando vejo e fotografo, escrevo quando sonho e quando estou diante dos meus alunos. E de fato não espero que tenha 100 por cento de leitores. 
O que desejo é que cheguem ao final das minhas linhas pessoas como você, que hoje já aprendeu um pouco mais do que aqueles que só estão sentados em sua própria ignorância. Viu? Já acabou! Parabéns!

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