É preciso aquecer!

OPINIÃO - Durval Bertho Neto

Data 07/06/2022
Horário 04:30

Como anda frio o mundo onde vivem os seres humanos.
Há pouco tempo a Rússia invadiu a Ucrânia, dando início a mais uma guerra na Europa. Uma guerra inspirada por disputas políticas, jogos de poder, prováveis perigos a se instalarem nas fronteiras. Sim, faz-se guerra por aquilo que é provável. Poderia acontecer ou não. 
Mas é melhor prevenir do que remediar, já dizia o velho ditado. Mesmo que prevenir signifique tirar centenas de vidas inocentes e desalojar milhares de famílias das quais uma ínfima parcela sabe o mínimo sobre as razões pelas quais o horror bateu à porta de suas casas.
A coisa está tão fria que já não se sabe mais se uma chacina deve ser lamentada ou celebrada. Nos últimos anos, só para citar algumas, apenas no belíssimo Estado do Rio de Janeiro, têm-se: Fallet (fevereiro de 2019) - 15 mortos. Jacarezinho (maio de 2021) - 28 mortos. Vila Cruzeiro (maio de 2022) - 23 mortos.
Diz-se que não se sabe mais como sentir porque, afinal de contas, em chacinas nas favelas só morrem bandidos e traficantes. Quanto mais gente morrer por ali, melhor para a sociedade. Pois que absurdos tais são facilmente ouvidos desde o noticiário na TV até a fila do pão na padaria.
Está frio demais. Num dia um homem doente desarma dois policiais que ajudavam pessoas por causa de um acidente de trânsito e tira-lhes a vida. Duas famílias, de uma só vez, perdem pai e marido sem razão. No outro dia, outro homem doente paga por isso com a própria vida numa “câmara de gás” improvisada numa viatura.
Corações alagados pela dor também se apresentam. O nosso Nordeste chora mais de 100 mortes pelas fortes chuvas nas últimas semanas, destacando o paradoxo da terra rachada no sertão. “Que culpa tem a criancinha, oxente? Que dormindo serena, tranquilinha, depois de um cheiro de mainha, sonha brincar amanhã, mais um dia, e por isso não acordou mais? Que Painho do Céu, meu Jesus Cristinho, a tenha em melhor lugar”.
Pode-se perceber que o amor é joia cada dia mais rara de se encontrar por aqui. Não é novidade, devido ao avançar das eras. Tal doença – a falta de amor – se tornaria uma epidemia, de fato. Bem nos alertou a boa palavra do Senhor: “E, por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos.” (palavras de Jesus Cristo em São Mateus 24.12).
O que traz enorme acalento é a possibilidade de aquecer. Sim, pois o próprio Salvador disse que o amor se esfriaria de “quase todos”. Ou seja, alguns ainda podem ter a chama da fraternidade acesa em seus corações.
Pois se há um tempo em que é precioso o olhar condescendente e misericordioso, certamente é este que se chama “hoje”.
É tempo de achegar-se ao fogo que aquece os corações. Esta fogueira irradia calor suficiente para transformar realidades, histórias, até mesmo cidades inteiras. Na verdade, não há novidade sobre o amor, desde os tempos muito antigos já se sabe. Amor de verdade envolve olhar para o céu e se deixar invadir pelo sagrado, pelo Deus e Pai de Jesus Cristo, que uma vez tendo aquecido o coração do humano o envia para aquecer também o seu semelhante que morre de frio.
 

Publicidade

Veja também