A transmissão vertical é a infecção pelo vírus HIV passada da mãe para o filho, ao longo do período de gestação. Isso pode ocorrer de forma intrauterina, no parto ou pelo aleitamento materno. Mas com o avanço da medicina, o acompanhamento médico é primordial para evitar que isso ocorra. Em Presidente Prudente, o último caso registrado foi em 2008. Levando isso em conta e todo o trabalho desenvolvido, o município pode se tornar a 4ª cidade do país a ser certificada como livre da transmissão vertical. Hoje, o título foi entregue somente para Curitiba (PR) e Umuarama (PR), ao passo que a capital paulista também pleiteia a certificação.
Para tanto, um relatório foi elaborado por uma comissão municipal, formada pela VEM (Vigilância Epidemiológica Municipal), o Programa DST/Aids e o Hospital Estadual Doutor Odilo Antunes de Siqueira, que tem acompanhado o cenário prudentino no que tange à transmissão vertical e realizado a montagem do documento. “Apenas neste ano, 12 partos foram realizados e todos os bebês nasceram livres do HIV em Prudente”, pontua a Prefeitura. Outras seis gestantes com a doença estão sendo acompanhadas pela rede municipal.
O documento finalizado foi entregue ontem para uma comissão estadual, explica o coordenador do Programa DST/Aids, Jefferson Saviolo, que determinará a admissibilidade do pedido e posteriormente encaminhará para avaliação em âmbito federal. “Na última etapa, a análise será feita por uma convenção nacional, por parte do Ministério da Saúde”, explica. O acompanhamento incluirá visitas técnicas aos serviços de atenção básica do município, para confirmar os dados apresentados no relatório.
Mas “a qualidade no serviço prestado” na atenção básica é o que traz Prudente a esse patamar, segundo o chefe da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), Valmir da Silva Pinto. “A grande importância nisso é que os munícipes tenham conhecimento do bom trabalho que é feito no acompanhamento desse trabalho, tanto pelo centro de testagem como no cotidiano. É como se fosse uma certificação de atenção básica”, frisa.
O relatório foi apresentado ontem ao prefeito Nelson Roberto Bugalho (PTB) e ao vice-prefeito Douglas Kato Pauluzi (PTB).
Acompanhamento e certificado
E “se hoje nasce uma criança com HIV, é porque houve alguma falha médica”. É desta forma que coloca Jefferson, ao ser questionado sobre o que tem sido feito no município para que o cenário, desde 2008 - último registro -, continue dessa forma. Isso porque, segundo ele, existe um cronograma que é seguido pontualmente, a fim de promover um acompanhamento de qualidade, e de forma que não resulte na transmissão vertical.
Uma vez a cidade reconhecida, o coordenador argumenta ainda que “acaba tendo um peso maior”, no sentido de manter esse status. “Eventualmente conseguindo o certificado, não sabemos como será o acompanhamento do Ministério da Saúde quanto ao serviço realizado, porém, isso deve existir”, expõe.
Critérios
A pesquisa que analisa o cenário apresentado incluiu como indicadores de impacto as taxas de detecção de HIV entre crianças por ano de nascimento e a proporção daquelas com até 18 meses de idade expostas à patologia em cidades com mais de 100 mil habitantes. E para conseguir o certificado, é necessário que o município atinja as metas de impacto: apresentar taxa de detecção de HIV de 0,3 por mil nascidos vivos e proporção anual inferior a 2% de crianças expostas ao vírus que se infectaram, como preconiza o Ministério da Saúde.
Números
2008
Ano em que o último caso foi registrado em Prudente
12
partos foram realizados em 2019, sem a transmissão
100 mil
é o número mínimo de habitantes para a cidade ser analisada