“Que as pessoas acreditem nas polícias que elas possuem”

Pablo Rodrigo França, delegado da Polícia Civil

PRUDENTE - WEVERSON NASCIMENTO

Data 05/01/2020
Horário 05:55
Jean Ramalho: Pablo Rodrigo França, delegado da Polícia Civil
Jean Ramalho: Pablo Rodrigo França, delegado da Polícia Civil

Atualmente, delegado da Polícia Civil da DIG (Delegacia de Investigações Gerais), de Presidente Prudente, Pablo possui graduação em Direito pela Toledo Prudente e mestrado em Direito (teoria do Direito e do Estado), pela Univem (Centro Universitário Eurípides de Marília). Há 18 anos atuando frente aos serviços da Polícia Civil do estado de São Paulo, hoje, tem experiência na área de Direito, com ênfase em Direito Penal (geral, especial e extravagante) e Processual Penal. Hoje, ministra aulas na especialização e graduação em Direito na Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), além de ser professor convidado da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), de Presidente Prudente.

O Imparcial: Como é desenvolvido o trabalho da Polícia Civil em Prudente?
Pablo:
Todos os fatos que são criminais e levados pela população para a Polícia, são através de Boletim de Ocorrência, logo, a importância do documento, porque além dele ser despachado para investigação da Polícia Civil, serve para que possamos fazer um mapeamento de onde precisa ou não de policiamento. Então, às vezes as pessoas perguntam – para que serve um boletim de ocorrência? – quando na verdade, só investigamos se tivermos a ciência do fato, e isso normalmente se faz por meio do documento. Além disso, as viaturas vão para um determinado bairro a depender dos crimes que lá acontecem. Esse BO pode ser elaborado em qualquer delegacia a depender da especialidade. Exemplo: DDM (Delegacia de Defesa da Mulher), CPJ (Central de Polícia Judiciária) e a DIG (Delegacia de Investigações Gerais).

Como funciona o trabalho de investigação desde que recebe o boletim de ocorrência?
Quando ele chega para um delegado de Polícia titular desta unidade, realizamos o despacho desse crime para que ele seja acompanhado por uma equipe de investigação, e a depender do fato, você tem uma demanda ilimitada de possibilidades que vão desde visitas ao bairro, conversas com moradores, captação de imagens (públicas ou privadas), acessos a arquivos eletrônicos, e o que nós chamamos de trabalho de inteligência, que atua com base em interceptação telefônica. Isso tudo depende da natureza e complexidade de cada investigação.

O que dificulta uma investigação criminal?
A Polícia sempre corre atrás do ‘profissionalismo’ ou não do crime. Hoje, o que muitos ouvem por crime organizado, que é justamente essa profissionalização do mal – e com uma diferença muito clara entre polícia e criminoso – a polícia atua em parâmetros de legitimidade, então, nós só podemos fazer aquilo que a Lei nos permite, autorizados judicialmente e depois de parecer do Ministério Público. É um regramento absolutamente necessário para evitar excessos. Já os criminosos, a cada nova investigação que realizamos, eles percebem onde erraram, concertam aquele setor, e migram para outro tipo de investigação, então essa a complexidade que nós temos. O crime está cada vez mais profissional no mal sentido, pois o aliciamento desses soldados do crime é muito mais fácil. Nós temos que estar sempre um passo a frente, então quanto mais eles se especializam, mais temos que nos especializar.

Quais os principais índices criminais do município?
Nós vivemos em uma das regiões mais seguras no Brasil e, podemos comparar os índices de Prudente com os melhores países da Europa. Não posso dizer que Prudente nunca vai ter crime, é uma desonestidade. O crime ele é decorrente da sociedade, porém, vivemos em uma cidade muito equilibrada quanto a aspectos de Segurança Pública. Hoje, o que é mais difícil de elaborar um trabalho efetivo de prevenção é quanto ao tráfico de drogas, pois se trata de um dinheiro rápido que vem para o criminoso e com possibilidade de se criar filiais do crime em qualquer localidade. Então, qualquer um que pegue uma quantidade de droga e venda, mesmo que seja uma única vez, ele praticou um crime de tráfico de entorpecentes, e isso se torna um crime muito difícil de ser combatido diante da proliferação. No crime organizado você prende alguém e outra pessoa é colocada imediatamente no mesmo posto. Mas todos os índices são controlados, com exceção para o tráfico de drogas.

Houve alguma ocorrência marcante que possa ser destacada?
Em Prudente, nós tivemos um caso de violência sexual contra um menor de idade, depois, seguidamente, ela foi morta, o que demandou muita energia e você acaba tendo um envolvimento emocional e, que, depois que é desvendado, você fica na alegria de estar dando um pouco de conforto para o coração das famílias. Além desta, em uma das nossas operações também, descobrimos um núcleo dentro de uma grande operação criminosa, que utilizava drones para levar drogas e celulares para dentro de penitenciarias – é como se fosse o delivery do crime – e quem descobriu isso foi a investigação da DIG de Prudente. Depois que houve uma investigação de todos esses envolvidos, estatisticamente, nunca mais foram vistos drones sobrevoando unidades prisionais.

Qual a importância da Polícia na comunidade?
Eu queria que as pessoas acreditassem nas polícias que elas possuem, especialmente, a prudentina e regional. São bravos personagens que, independentemente da sua realidade profissional, são pessoas absolutamente devotadas e confiáveis, e falo isso de qualquer instituição policial. Então, que a comunidade consiga separar realidades do passado com as do presente. Problemas e equívocos existem, mas são condutas praticadas por pessoas erradas que devem ser extintas da instituição e, que, não pode dar a fama de toda uma classe que dedica à vida em nome da segurança.

 

“Problemas e equívocos existem, mas são condutas praticadas por pessoas erradas que devem ser extintas da instituição”
Pablo Rodrigo França
delegado da Polícia Civil

 

PERFIL

Nome: Pablo Rodrigo França

Idade: 42 anos

Formação: Graduado em Direito pela Toledo Prudente. Mestre em Direito pela UNIVEM (Centro Universitário Euripedes de Marília)

Atividade profissional: Delegado da Polícia Civil e professor universitário da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista)

Naturalidade: Presidente Prudente

Contato: dig.pprudente@policiacivil.sp.gov.br

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