Éramos Seis

Sandro Villar

O Espadachim, um cronista a favor do bê-á-bá e do baobá

CRÔNICA - Sandro Villar

Data 16/02/2023
Horário 05:30

Com licença póstuma da escritora Maria José Dupré, tomo a liberdade de nomear esta crônica com o mesmo título do livro "Éramos Seis", um romance que ela lançou em 1943. A escritora conta a história de uma família de seis pessoas, os pais e quatro filhos. É uma família de classe média baixa, que enfrenta sérias dificuldades para sobreviver. A obra virou novela de rádio e tevê.
No meu caso, éramos seis irmãos e, agora, somos cinco irmãos. Milton, o segundo mais novo, o sub-caçula (se é que posso escrever isto), já não está mais neste insensato mundo, do qual partiu no último dia 6 de fevereiro. Completaria 66 anos no dia 25 de março.
Não resistiu a um infarto e, agora, os familiares se desdobram para se recuperar do choque. Ou do impacto profundo. O inesperado fez uma surpresa. A saudade dele está doendo em nós, parentes e amigos, se me permitem parafrasear o verso do compositor Sérgio Bittencourt, autor de "Naquela Mesa", em que ele homenageia seu pai, o genial bandolinista Jacob do Bandolim.
Confesso que estou sem chão, mas vamos em frente que atrás vem a taxa de juros de 13,75% determinada por míster Bob Fields Grandchild, o presifake do Banco Central (quer arrancar o couro do povo, é isso?).
Dizem que os bons - e de tabela as boas - vão mais cedo ao encontro do Altíssimo. Vai ver Deus quis mostrar Milton Pereira da Silva neste mundo por pouco mais de meio século. É praxe a gente falar bem e tecer loas aos que partem, mas posso assegurar ao respeitável público que o meu irmão era gente boa, uma pessoa digna e correta.
Quando ele nasceu era uma fofura de bebê. Lindo demais. E de olhos azuis. Era um bebê Johnson. Quando cresceu um pouquinho mais eu e minhas irmãs, Nena e Teca, o apelidamos de Toddy, uma alusão à figura do menino que aparecia no rótulo desse chocolate em pó.
Curtimos demais o nosso irmãozinho e, para ser sincero, até parecia que nós, os três irmãos, éramos os pais do Milton. Talvez o doutor Freud explique isso. Ele era o nosso xodó. Permanecíamos a maior parte do tempo paparicando o nosso irmãozinho, o nosso Peter Pan que cresceu, ao contrário do personagem. Além de mim e das irmãs, o sexteto, que virou quinteto, conta também com os manos Alberto e Wilson, o caçula. 
Miltinho, como era chamado pelos amigos, jogou futebol na juventude e se interessou pela agricultura, tornando-se técnico agrícola. Casou com a Leninha, uma das mocinhas mais bonitas de Mariápolis, e da união nasceram a Milena, o Lucas e a Amanda. Soube que ele ajudou muita gente. Tudo com muita discrição, como deve ter aprendido com a Maçonaria.
Depois de combater o bom combate, como dizia São Paulo, Milton foi para o andar de cima talvez fora do combinado, como dizia Rolando Boldrin. Dom Hélder Câmara, um dos grandes nomes da Igreja Católica, afirmava que não devemos carregar as pessoas no colo, mas sim no coração. Carregarei o meu Toddynho para sempre no meu coração.  

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