“Roma” (2018)

CRÍTICA - IZABELLY FERNANDES

Data 13/01/2019
Horário 06:08
Divulgação
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Um filme com traços do neorrealismo italiano e preto e branco em 2018? Pois bem, Roma veio para mostrar que isso é possível, graças a visão particular do diretor Afonso Cuarón, que apresenta uma obra semi-biográfica baseada em sua infância no México de 1970. Com foco em elementos realísticos, vindo do famoso modelo cinematográfico da década de 40, Cuarón retrata o cenário social, histórico e econômico da época, com planos sequências, panorâmicas e momentos de silêncio reflexivo, que dão um ar tocante à narrativa. O brilho do filme se completa com a atuação da novata atriz Yalitza Aparicio, que vive a babá e empregada doméstica Cléo, que trabalha na casa de uma família de classe média da época.  Com extrema simplicidade e sensibilidade, a atuação da personagem causa um impacto emocional surpreendente, a partir das ações diárias durante o filme e com a relação de carinho com os filhos da patroa.  Ao longo da obra, diversos acontecimentos começam a afetar a vida dos personagens, encadeando uma série de mudanças coletivas e pessoais. Cuarón também aborda a força resiliente das mulheres do filme, que de várias maneiras, tem a vida deformada pelo abandono masculino, e que juntas encontram forças para romper as adversidades. Tudo isso é arrematado por uma bela fotografia, ressaltando a delicadeza dos momentos, levando ao espectador a uma dimensão emocional simples e incisiva.

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