"Vila do Arco"

DignaIdade

COLUNA - DignaIdade

Data 04/04/2023
Horário 06:50

Adaptação em forma de telenovela do livro “O Alienista”, de Machado de Assis, exibida pela TV Tupi às 20h30 em 1975, “Vila do Arco” foi escrita por Sérgio Jockyman e dirigida por Luiz Gallon. Na trama, Simão Bacamarte (Laerte Morrone) parte do Rio de Janeiro em 1888 e chega à Vila do Arco, no interior de São Paulo, e percebe que a cidade não tem asilos. Intitulando-se como alienista (médico que cuida de loucos), e com a ajuda dos milionários locais, ele constrói um hospício. Simão parte do pressuposto que todo homem são é na verdade um louco que se ignora. Aos poucos, ele vai internando os moradores, de forma que toda a cidade está internada no hospício, incluindo sua noiva Carolina (Maria Izabel de Lizandra) que é amada pelo seu rival jornalista Martim Brito (Rodrigo Santiago). A história já tinha virado filme em “Azyllo Muito Louco” de Nélson Pereira dos Santos em 1970 e a novela tinha ainda em seu elenco: Geraldo Del Rey, Célia Helena, Kito Junqueira, Elias Gleizer e Liana Duval. (na foto Laerte Morrone e Riva Nimitz)

“Insuficiência familiar e vulnerabilidade do idoso”

Quando uma pessoa opta por permanecer solteira ou decididamente não ter filhos, sempre é comum ouvir dos outros: “Nossa, mas e quando você ficar velho? Quem vai cuidar de você?”. Embora a frase seja equivocada, ela tem um fundo de verdade: a presença de familiares pode ser uma garantia de amparo em situações de vulnerabilidade social, como o próprio envelhecimento pode se tornar. Muitos de nós iremos viver plenos, funcionais e ágeis durante toda a existência. No entanto, é também bem possível, que muitos irão ao envelhecer, adoecer, fragilizar-se, reduzir independência e necessitar de apoio para as questões básicas da vida. A chance de ter alguém à disposição para este ninho acolhedor é maior quando temos descendentes. As obrigações morais, éticas e legais de ser filho nos tornam automaticamente os responsáveis diretos para esta reversão de cuidados: pais cuidadores se tornam pais cuidados. A insuficiência familiar numérica ou quantitativa pode transferir esta responsabilidade ou dever para outros membros da família quando presentes: sobrinhos que cuidam de tios, netos que se responsabilizam por avós, afilhados que abrigam padrinhos. E quando nenhum destes vínculos existe, isto pode ser exercido pelos amigos que os laços afetivos da vida nos deram. Menos visível é, por outro lado, a insuficiência familiar qualitativa, onde sobram parentes e faltam braços disponíveis. Algumas vezes por que falta tempo ou disponibilidade material ou financeira para tal encargo; mas muitas outras vezes pela ausência de vínculos afetivos aproximadores ou laços frágeis. Vínculos não cristalizados em etapas anteriores de vida fragilizam a aproximação no momento do cuidado. E também não dá para excluir um movimento muito crescente nas sociedades humanas: a desimportância dos vínculos, o egocentrismo de novas gerações e a falta de empatia com o familiar idoso, numa estrada afetiva que nunca é de mão-dupla que desobriga o mais jovem a retribuições ou gratidões. De quem é a culpa? De todos nós.

Dica da Semana

Filmes/ Streaming

“Um Asilo Fora do Comum”:
(Mayson de Retraite). França-Suiça. 2022. Com Kev Adams e Gerard Depardieu. Para evitar a prisão, um homem é condenado a exercer 300 horas de trabalho comunitário em um asilo. No início, a tarefa é desesperadora, mas ele vai lentamente aprendendo com um grupo de sete idosos inseparáveis que lhe contam fatos da vida. Ao descobrir que o estabelecimento aproveita-se da vulnerabilidade dos idosos para enganá-los, eles elaboram um plano de fuga. Disponível na Globoplay.
 

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