“Viver ou morrer: faça sua escolha!”

OPINIÃO - Matheus Teixeira

Data 26/06/2021
Horário 04:30

A frase do título acima é bem conhecida por fãs da franquia cinematográfica “Jogos Mortais” (produzida pela Lionsgate). Com um curta-metragem que estreou em 2003 e o nono longa-metragem que foi lançado agora em 2021, o arrasa-quarteirões já lucrou mais de US$ 1 bilhão em bilheteria ao redor do mundo, segundo a imprensa especializada. E tal qual num filme de terror, um parente meu ficou por um mês internado com Covid-19. A citação do protagonista psicopata Jigsaw fez todo o sentido para mim ao acompanhar essa situação. É chocante ter que escrever isso, porém é verdade que foi escolha livre e espontânea do meu parente ter pelo menos 50% dos pulmões comprometidos e ficar à beira da morte.
Mais de 3,8 milhões de pessoas já morreram de Covid-19 no planeta, de acordo com dados da universidade norte-americana Johns Hopkins. Certamente, a maioria faleceu inocentemente. E por mais dolorosa e cruel que seja essa doença, dá para afirmar que uma minoria opte por contraí-la e até mesmo se submeta ao risco de morrer dessa causa. Pessoas como o meu parente, que mencionei, fizeram suas escolhas “conscientemente”. Ele, por exemplo, em posse de suas faculdades mentais, aos 66 anos havia se recusado a tomar a vacina anti-Covid-19 quando pôde. Na véspera do aniversário de 67, saiu vivo do hospital para contar a história – e, agora, tomar a vacina, porque mudou de ideia. Este testemunho é 100% real, sem acréscimo nem retirada de detalhes.
Ser negacionista não é apenas acreditar que a Terra possa ser plana, defender o político X e o partido Y ou duvidar de que o homem foi à lua. Ser negacionista é escolher deliberadamente contrair a Covid-19 quando alguém “joga no lixo” a oportunidade de receber um imunizante, quando toma vermífugo para prevenir a Covid-19, quando debocha da pandemia, quando não usa máscara e quando prefere fazer um churrasquinho para 25 pessoas enquanto as unidades de saúde brasileiras estão abarrotadas e com a maior parte dos profissionais saturada, ganhando uma miséria. Não tenho dó de quem morre de Covid-19 porque quis. Lamento pelo cidadão que é desassistido pelo poder público e pelo trabalhador que pega ônibus lotado todo dia e aí acaba pegando a doença porque precisou sustentar a família.
A pandemia do novo coronavírus está aí há quase um ano e meio e muita gente ainda não se toca! Não importa o que se explique sobre, o quanto de informação científica haja... Continuarão existindo pessoas literalmente ignorantes e que estão “nem aí” para a própria saúde e de quem os rodeia. De forma alguma falo de pessoas com comportamento suicida, que precisam ser cuidadas e tratadas; falo de idiotas que pensam que são imortais e maiores do que o microscópico e avassalador Sars-Cov-2. A pandemia demora a acabar não somente por questões sanitárias e econômicas, mas por haver acéfalos perambulando pela sociedade e em espaços de poder, reverberando podridão e mentiras.
 

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