4 anos da Uber em Prudente: motoristas por app falam sobre atual cenário do serviço

De acordo com presidente da Amoesp, Alessandro Pannes, aproximadamente 2 mil condutores trabalham com as corridas por aplicativo atualmente no município

PRUDENTE - CAIO GERVAZONI

Data 24/03/2022
Horário 04:05
Foto: Agência Brasil
Uber completou 4 anos de operação do seu serviço de corridas por aplicativo em Prudente
Uber completou 4 anos de operação do seu serviço de corridas por aplicativo em Prudente

No dia 9 de março, a Uber completou quatro anos de operação do seu serviço de corridas por aplicativo em Presidente Prudente. A chegada do app da empresa a Prudente, em março de 2018, representa um marco nesta modalidade de serviço no transporte de passageiros no município. Atualmente, de acordo com estimativa da Amoesp (Associação dos Motoristas de Aplicativo do Oeste Paulista), mais de 2 mil motoristas prestam o serviço por meio dos apps, não só o da Uber, mas também 99, Indriver, Chamecar, entre outros. “Apenas 30% desse número está legalizado com o município perante a secretaria responsável, a Semob [Secretaria de Mobilidade Urbana e Cooperação em Segurança Pública]”, enfatiza o presidente da associação, Alessandro Herique Ortega Pannes.
Ele, que também é motorista por aplicativo, conta que quando o serviço chegou em Presidente Prudente os aplicativos possuíam taxas acessíveis - cerca de 10% eram direcionados à empresa - aos valores das corridas, no entanto, o cenário atual é bem diferente dos últimos anos. “Gerou vários empregos e renda extra para uma minoria. As locadoras não tinham carros suficientes para a demanda de motoristas que alugavam, porém, hoje não tem mais gentilezas, como oferecer uma bala, devido às altas taxas cobradas, que variam de 25% até 35% do valor de cada corrida feita pelo motorista”, conta.
O presidente da Amoesp relata que “cerca de 40% dos motoristas por aplicativo ou entraram para CLT [Consolidação das Leis do Trabalho] ou abandonaram os aplicativos e devolveram carros locados”. Segundo ele, a associação, que foi oficialmente formalizada no ano passado, atua desde 2019 para mobilizar a categoria. “O movimento dos motoristas vem desde 2019 pleiteando os diretos da categoria. Hoje, a associação presta orientação aos motoristas sobre o cadastro junto à Semob [Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana e Cooperação em Segurança Pública], nossos direitos e deveres perante o trabalho prestado ao município”, explica. 

Reivindicação ao pode público

Alessandro enfatiza que a Amoesp luta por mais direitos à categoria, entre eles, a principal reivindicação há três anos está associada aos locais de embarque e desembarque em pontos movimentados da cidade. Em 2021, foi aprovada a Lei 10599, de autoria da vereadora Nathália Gonzaga da Santa Cruz (PSDB), que determina a criação de bolsões de estacionamento exclusivos para motoristas de aplicativo. “Porém, até agora nada foi feito ainda. Cobramos a Prefeitura e em reunião nos foi prometido até o mês de dezembro de 2021. Porém, nada. Novamente cobramos a Prefeitura que, por sua vez, se negou a nos receber, alegando ser assunto direcionado à secretaria responsável e não mais lá. Cobramos a Semob e conseguimos uma reunião do qual foi assinado e acordado um novo prazo de 60 dias para a execução e implantação das áreas de embarque e desembarque. Prazo esse que se extingue em abril de 2022”, relata.

Posicionamento da Prefeitura

Em nota a O Imparcial, a Prefeitura de Presidente Prudente, por meio da Semob (Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana e Cooperação em Segurança Pública), pontua que “se reuniu há poucas semanas com os representantes dos motoristas por aplicativo e, nesse encontro, foi esclarecido a cada um dos presentes que em até 60 dias a Semob vai implantar totens indicativos para o estacionamento do transporte por aplicativo. Esses totens já estão em fase de confecção e serão instalados a princípio na região central”. 

Perspectiva dos motoristas

Fundador da Amoesp, o motorista por aplicativo Wesley Aparecido de Jesus conta que inicialmente os aplicativos serviam de complemento de renda, porém, com a situação crítica do país, tornaram-se trabalho e principal meio de renda para muitas pessoas. “Motorista gosta de trabalhar de dia. De noite, é, geralmente, só complemento de renda. Os aplicativos vieram como um complemento de renda, não veio como profissão, no entanto, devido à dificuldade do Brasil, acabou virando um emprego”, expõe o motorista. Sobre o serviço por aplicativos, Wesley relata que as campanhas fortes de divulgação dos três grandes aplicativos da cidade foram fundamentais para desmistificar as corridas de aplicativo junto à população. “Quando foi ativado, pouquíssimas pessoas sabiam da existência. Os poucos que sabiam eram pessoas que andavam muito nas capitais e pediam que o serviço viesse para a cidade, porém, houve uma grande resistência no início pelo fato de andar em carros de motoristas desconhecidos”, discorre.
Caio Barres tem no serviço de transporte por aplicativos a sua principal fonte de renda. Ele, que trabalha desde a chegada da Uber em Prudente, conta que o serviço hoje em dia necessita de um planejamento estratégico por parte do motorista para não arcar com prejuízos. “Olha, mudou bastante coisa. Antes era bem mais fácil trabalhar, porque tinha menos motoristas e aplicativos na cidade. Era mais fácil pegar corridas com tarifas mais altas. Hoje você já tem que escolher a corrida para trabalhar e tentar ganhar o mínimo para não sair no prejuízo”, expõe o motorista. Ele também é crítico à falta de locais de embarque e desembarque nos pontos mais movimentados do município. “Eles sempre adiam de 60 em 60 dias e não o fazem”. 

Contato com a Uber

Em contato com a Assessoria de Imprensa da Uber, foi informado, aos questionamentos feitos pela reportagem, que a empresa não possui um balanço com um número de motoristas que prestam serviço por meio do aplicativo no município e nem o número de corridas feitas desde que o aplicativo foi disponibilizado em Prudente. 

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