4 providências para prevenir a doença de Alzheimer

Jair Rodrigues Garcia Júnior

Os filhos, que visitavam a Dona Lucélia semanalmente aos domingos, souberam que ela começou a faltar em alguns compromissos da semana, passou a ter dificuldade em fazer as receitas na cozinha sem consultar seu caderno e não se lembrava de como procurar seus canais favoritos na tv. Na consulta com o neurologista o diagnóstico foi princípio da doença de Alzheimer, aos 68 anos. A pergunta que toda família fez foi: o que fazer?
 
DOENÇA DE ALZHEIMER
É caracterizada como um processo neuroinflamatório com deposição de placas de proteína beta-amiloide (placas senís) e formação de emaranhados neurofibrilares no córtex cerebral e no hipocampo. A morfologia (forma) dos neurônios é alterada e prejudica a função, levando aos sinais clínicos. Os déficits de memória e cognitivo surgem primeiro e são seguidos de alterações comportamentais e progressiva disfunção motora.


[1] EXERCÍCIOS DE FORÇA
Há evidências que a doença de Alzheimer possa ser prevenida ou pelo menos “atrasada”. Para as pessoas que já a desenvolveram as terapias mais utilizadas são de medicamentos e estimulação congitiva. Adicionalmente, estudo de 2023 de pesquisadores da UNIFESP e USP, demonstrou que o treinamento resistido (ex. musculação) de apenas 4 semanas foi eficiente em diminuir as placas de proteína beta-amiloide, reverter as alterações neuropatológicas e comportamentos característicos da doença. O estudo foi experimental com camundongos.

 
[2] EXERCÍCIOS DE ENDURANCE
Outro estudo de pesquisadores da UFRJ, publicado na revista Nature Medicine em 2019, demonstrou que: 1) a irisina, uma proteína produzida pelos músculos ativos, estava diminuída nos camundongos com doença de Alzheimer e 2) quando a concentração de irisina foi restaurada por injeção ou prática de exercício de endurance (aeróbio; natação, 1h/dia, 5 dias/sem, 5 semanas) houve melhora nas sinapses (comunicação entre os neurônios) e reversão nos problemas de memória.

 
[3] ESTÍMULOS COGNITIVOS
Obviamente, os estímulos cognitivos são necessários para todas as pessoas e em todas as fases da vida. Por isso, é preocupante que as pessoas dependam cada vez mais do smartphone e cada vez menos da própria memória. Da mesma forma, a leitura e redação se limitam cada vez mais a textos de poucas palavras. Os estímulos para os pacientes com doença de Alzheimer devem ser proporcionais ao estágio da doença, por vezes com atividades bem simples. Para as pessoas saudáveis (para prevenção) estímulos de leituras, jogos, resolução do cubo mágico, palavras cruzadas, planilhas de cálculos, elaboração de projetos, novas aprendizagens etc, são essenciais. 

 
[4] DIETA
Doença de Azheimer e outras demências podem ser prevenidas por dietas que têm efeito anti-inflamatório e de anti-envelhecimento. Há alimentos específicos que podem ter efeitos benéficos e outros com efeitos prejudiciais (ultraprocessados são os principais), porém dois pontos-chave são a 1) a composição da dieta como um todo – a dieta Mediterrânea é a mais recomendada e 2) os efeitos da dieta na microbiota intestinal. Neste sentido, observe como está seu consumo de frutas, vegetais em geral e fontes de ácidos graxos ômega-3. Isso é o básico.


 

 Treinamento de musculação de 4 semanas foi eficiente em diminuir as placas beta-amiloide e reverter as alterações neuropatológicas.

 

Referências

Azevedo CV, Hashiguchi D, Longo BM et al. The effects of resistance exercise on cognitive function, amyloidogenesis, and neuroinflammation in Alzheimer’s disease. Frontiers in Neuroscience. 2023; 17. DOI: https://doi.org/10.3389/fnins.2023.1131214

 

Fekete M, Szarvas Z, Fazekas-Pongor V et al. Nutrition strategies promoting healthy aging: from improvement of cardiovascular and brain health to prevention of age-associated diseases. Nutrients. 2022; 15(1): 47. DOI: http://dx.doi.org/10.3390/nu15010047

 

Campos HC, Ribeiro DE, Longo BM et al. Neuroprotective effects of resistance physical exercise on the APP/PS1 mouse model of Alzheimer’s disease. Frontiers in Neuroscience. 2023; 17. DOI: https://doi.org/10.3389/fnins.2023.1132825

 

Lourenço MV, Frozza RL, Freitas GB et al. Exercise-linked FNDC5/irisin rescues synaptic plasticity and memory defects in Alzheimer’s models. Nature Medicine. 2019; 25, 165-175. DOI: https://doi.org/10.1038/s41591-018-0275-4

 

 

 

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