Dados fornecidos pela Serasa Experian a O Imparcial revelam que chegou a R$ 600.951.425,46, em junho, o valor total em dívidas de 80.874 moradores de Presidente Prudente. Isso significa que 35,8% dos 225.668 habitantes, apontados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no censo demográfico de 2022, fecharam as contas no vermelho no sexto mês de 2024, acumulando 353.573 débitos.
A cifra é 17,5% mais alta que em junho do ano passado, que ficou marcada em R$ 511.352.669,44. Quanto ao número de devedores, o aumento foi de 2,7% de um ano para outro, já que no sexto mês de 2023 eram 78.716 inadimplentes na capital do oeste paulista. Índice próximo, de 2,8% de elevação, se deu na quantidade de dívidas, que ano passado era de 343.641.
O tíquete médio de dívidas por inadimplente foi de R$ 7.430,71, em junho deste ano, expõe a Serasa. No mesmo período, o tíquete médio por dívida ficou marcado em R$ 1.699,65. Os valores quantitativos da inadimplência em Presidente Prudente são preocupantes, indica o economista Alexandre Godinho Bertoncello. “Não é apenas o número, mas a tendência. Tendencialmente, a quantidade vem aumentando em relação ao período anterior. Então, não apenas estamos muito inadimplentes, como estamos aumentando o número de pessoas inadimplentes”, destaca.
Para o economista, as dívidas estão atreladas a três pontos importantes. E, o primeiro, cita que é a própria ausência de educação financeira na população. “Isso faz com que as pessoas simplesmente, às vezes, não façam a conta de uma maneira correta, usem o cartão naquele famoso ‘eu mereço’ e depois acabam não conseguindo pagar e se enrolando”, comenta.
No entanto, o especialista relata que existem outros dois fatores que são “talvez ainda mais importantes”. Sendo assim, cita o nível de emprego, apontando que o saldo de novos trabalhadores na cidade foi de 212, em junho, conforme dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). “Porém, isso só é positivo porque aumentou muito o trabalho de serviços e diminuiu fortemente de indústria, assim como do comércio e do agronegócio. O que nós estamos dizendo? Aqueles que mais pagam estão diminuindo a oferta de trabalho e aqueles serviços, não desmerecendo, mas alguém que virou Uber, que entrega comida ou que faz serviços esporádicos, aumentou. Então, a renda das pessoas diminuiu. Esse é um fator importante e isso se confirma no painel do Caged”, frisa.
Outra questão de suma importância, segundo o economista, é o grau de instrução dos trabalhadores. “Nós temos dois setores, dois percentuais que diminuíram muito: no caso das pessoas com curso superior caiu o nível de oferta de emprego, ou seja, aquelas pessoas mais qualificadas perderam o emprego, e quem mais ganhou foi o ensino médio completo, ou seja, não são nem aquelas pessoas que estão fazendo uma faculdade. A idade média dessas pessoas é de 18 a 24 anos, enquanto em relação às pessoas com mais de 50 anos, o nível de emprego também caiu”, expõe.
“E um outro fator, que é o outro lado dessa ponta, são aquelas pessoas que têm [ensino] fundamental incompleto. Esse grupo também caiu o nível de emprego. Então, nós estamos dizendo que as pessoas de baixíssima renda e as pessoas com alta renda perderam o emprego. Quem conseguiu mais trabalho? Aqueles que têm ensino médio, renda baixa e jovens. Ou seja, o empreendedor está buscando reduzir seus custos e essa redução se tem como base a qualidade do emprego”, alerta o economista.
Sobre orientações e dicas para os que estão pendurados em contas, Alexandre ressalta que são apenas duas: “duras e que devem ser feitas”. “A primeira: se você se endividou, o problema é seu. Você fez errado e deve começar a gastar menos do que ganha e, a partir daí, organizar as contas. Deixar essa história de ‘eu mereço’, de que ‘vai melhorar e fazer as coisas antes’. Aquela típica: você espera um aumento de salário no mês que vem e já gasta esse mês. Essa é a receita certa para dar errado”, argumenta.
“E a segunda forma para que isso se resolva: aumento de renda. Se você ou sua família está endividada de alguma forma, você precisa, no mínimo, aumentar sua renda. Um trabalho extra? Um bico final de semana? Alguma coisa para que a renda aumente. Se você não fizer isso, vai ser muito mais difícil sair desse buraco”, finaliza o especialista.