Em Presidente Prudente, 90% dos produtos comercializados são de origem externa. A estimativa é de representantes do setor supermercadista, que atribuem o fato à falta de indústrias. O diretor regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Wadir Olivetti, informa que há cerca de 500 indústrias instaladas no munícipio, voltadas a produtos variados, porém, que não realizam uma produção em grande escala a ponto de injetar produtos no mercado local.
Wadir explana que o setor de indústrias também abrange os seguimentos de imóveis, calhas, serralherias, mecânicas, panificadoras, instalação de som, entre outros. Pontua que o comércio varejista se dá por uma série de produtos variados, em que o vestuário e calçados acabam se destacando e, nesse sentido, “Prudente não possui mercado voltado a essa fabricação”, enfatiza. Já no ramo alimentício, Wadir diz que a produção local está voltada a massas, biscoitos, bebidas e aos frigoríficos.
“No ramo alimentício há empresas maiores, que até enviam para outras regiões. Essa troca é natural, se produz aqui e manda para outras regiões, assim como recebemos. Aqui é uma quantidade pequena e, logo, pouca variedade”, explica. Para o diretor, se indústrias maiores se instalassem no munícipio, os benefícios seriam de aumento no número de empregos e renda, melhora do PIB (Produto Interno Bruto) da cidade, maior valor agregado aos produtos, refletindo diretamente no rendimento do comércio.
O responsável pela Sedepp (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico), João Carlos Marcondes, compartilha da mesma opinião. Ele aponta que a economia local também acaba afetada, pois, caso a produção se centralizasse no município, “os empregos estariam aqui, o dinheiro circularia aqui e, com isso, teria uma economia mais efetiva”. Dessa forma, conclui que a Prudente trata-se de uma cidade mais comercial do que industrial, ao vender mais produtos externos.
O secretário acredita que a situação econômica do país dificulta a instalação das indústrias, haja vista que os investidores estão mais cautelosos e buscam locais com mercado consumidor. “Estamos atravessando um momento difícil em nível de Brasil. Então, no momento, temos de ver o mercado consumidor, depois o fabricante. Tivemos uma pequena ascensão, mas ainda é pouca. Estamos procurando parceiros investidores que queiram se instalar na cidade”.
No ramo alimentício há empresas maiores, que até enviam para outras regiões. Essa troca é natural
Wadir Olivetti,
diretor regonal do Ciesp
Nas bancas
Dentre os mais de 15 mil itens comercializados no supermercado Avenida, mais de 90% é de origem externa, de acordo com o gerente Joelson Tonietti. Ele conta que a maioria destes é originada dos Estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais. Já na região, as marcas regionais com as quais trabalham são as que produzem folhagens, queijos, massas e refrigerantes. “Não temos indústrias na região, então, esses produtos são negociados com o setor de compras das marcas e depois repassados às lojas. Assim, o que encarece o produto é o frete, que varia de acordo com a origem. Os produtos regionais não possuem essa cobrança”, relata.
No Supermercado Estrela, 90% dos produtos comercializados também são de fora, vindo de Rio Preto, Marília, São Paulo, Campinas e Paraná. Segundo o gerente Iremar Cordeiro Manso, os 10% restante é referente aos leites, refrigerantes, massas e parte do frigorífico. “Somos distribuidores da fase final do produto ao consumidor. Nossa região é pobre de indústria. Se tivesse mais, seria melhor para a própria economia de Prudente. O mercado teria mais gente empregada e iria render mais”, opina.