97,8% dos partos realizados são cesárias

Conforme a ANS, em 2013, dos 982 procedimentos promovidos em PP por operadoras de planos de saúde, 961 foram cirurgias

PRUDENTE - Mariane Gaspareto

Data 03/03/2015
Horário 07:59
 

Em 2013, 97,8% (961) do total de 982 partos realizados pelas operadoras de planos de saúde de Presidente Prudente foram cirurgias cesarianas, conforme dados divulgados no início deste ano pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). Pela Apas (Associação Policial de Assistência à Saúde de Presidente Prudente) foram apenas dois partos normais e 39 cesárias, enquanto pela Unimed de Presidente Prudente, foram 19 partos normais e 922 cesárias, de acordo com os dados. Na lista divulgada pela ANS, não consta nenhum parto realizado pela operadora Oeste Saúde.

Jornal O Imparcial Para Anzai, escolha de como será o parto depende do que for melhor para mãe e para o bebê

No mês passado, a ANS publicou, no Diário Oficial da União, a Resolução Normativa 368, que estabelece normas a serem obedecidas pelas operadoras de planos de saúde, visando estimular a busca pelo parto normal na saúde suplementar. Segundo o documento, gestantes usuárias dos planos de saúde poderão solicitar informações sobre os percentuais de cirurgias cesarianas e partos normais realizados, tanto por estabelecimento de saúde quanto por médico obstetra, devendo receber essas informações em no máximo 15 dias, contando a partir da data da solicitação.

A resolução prevê que as operadoras forneçam o cartão da gestante, com o registro de todo o pré-natal da usuária e que os planos de saúde orientem os médicos a usarem um documento gráfico chamado partograma, no qual são feitos registros de tudo o que ocorre durante o trabalho de parto. Segundo a ANS, atualmente, 23,7 milhões de mulheres são beneficiárias de planos de assistência médica com atendimento obstétrico no país, público-alvo dessas medidas.

Atualmente, no Brasil, o percentual de partos cesáreos chega a 84% na saúde suplementar, de acordo com a agência. Na rede pública este número é menor, de cerca de 40% dos partos. "A cesariana, quando não tem indicação médica, ocasiona riscos desnecessários à saúde da mulher e do bebê: aumenta em 120 vezes a probabilidade de problemas respiratórios para o recém-nascido e triplica o risco de morte da mãe. Cerca de 25% dos óbitos neonatais e 16% dos óbitos infantis no Brasil estão relacionados à prematuridade", informa.

 

Ponto de vista


Para o médico obstetra Ademar Anzai, a medida não deverá influenciar muito na decisão das gestantes sobre o tipo de parto realizado. "Um número não significa muito, ela confiará mais na opinião de seu médico e também de seus familiares. É mais algo cultural do que racional", explica. Conforme o médico, as medidas que trariam resultado no aumento do número de partos normais estão relacionadas com uma nova educação da população.

Conforme o médico, apesar dos riscos oferecidos pela cesária, por ser uma cirurgia, a escolha de como será o parto depende do que for melhor para mãe e para o bebê. "A pessoa tem que ter um preparo físico e psicológico para passar por um trabalho de parto de seis horas. Algumas mães já informam que não têm estrutura para desenvolver essa dilatação do colo do útero e, por isso, acabam optando pela cirurgia", pontua.

Anzai acrescenta que, com a tecnologia à disposição na atualidade, o índice de complicações da cesariana diminuiu de forma expressiva, de modo que "também não é o perigo tão grande que muitos pregam, afinal, é o procedimento utilizado para socorrer qualquer intercorrência no trabalho de parto". Todavia, o médico salienta que uma mulher, de forma geral, pode passar apenas por quatro cesárias em sua vida (visto que, após esse número de cirurgias, corre-se o risco de afinar a parede do útero), enquanto o parto normal pode ser realizado, tranquilamente, por seis ou sete vezes. "Isso sem falar da recuperação, que é bem mais rápida no parto humanizado", acrescenta.

 

 
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