A armadilha do faturamento

OPINIÃO - Walter Roque Gonçalves

Data 30/07/2022
Horário 05:00

Empresários que começaram pequenos e hoje lidam com empresas grandes enfrentam desafios extras na sua jornada de crescimento. O trabalho antes centralizado, devido à reduzida dimensão das atividades, naturalmente foi desdobrado em departamentos e muitos funcionários. Entender que os antigos hábitos não ajudam na nova e grata realidade da empresa é o primeiro passo para garantir o crescimento sustentável dos negócios. Dentro deste contexto, está a visão sobre faturamento, fluxo de caixa e capital de giro.
A rigor, o faturamento deveria refletir todo o dinheiro que entra no caixa da empresa, contudo, as vendas nem sempre são recebidas à vista. Por exemplo, se uma academia de musculação tem 120 matrículas a R$ 100 poderíamos concluir que o faturamento é de R$ 12 mil/mês. Ou mesmo, R$ 144 mil/ano. Contudo, não necessariamente estes valores irão para o caixa da empresa, pois há alunos que atrasam, outros simplesmente não aparecem, alguns pagam com cartão de crédito. O resultado é uma lacuna entre o faturamento e o que de fato entra em dinheiro no caixa da empresa.
Estas questões são normais e esperadas nas empresas, em especial naquelas que são maiores. É por isso que existe a necessidade de capital de giro e controles de fluxo de caixa nas empresas. Afinal, o que paga os boletos do mês é o dinheiro em caixa. Algumas empresas menores, talvez por hábito ou desconhecimento, não se atentam a estas questões como deveriam. Contudo, por serem pequenas, carregam uma vantagem: a agilidade para ajustar as decisões e processos caso percebam que algo está errado. Já nas empresas maiores, os riscos são altíssimos e a mudança de processo não é tão rápida quanto se espera.
Quando empresas pequenas antecipam os recebimentos em cartão de crédito e evitam o caderninho de fiado, as vendas e o dinheiro disponível são praticamente os mesmos. Por outro lado, se as vendas aconteceram, mas parte dos clientes atrasou o pagamento ou simplesmente desistiu de honrar o compromisso, neste ponto começamos a ter problemas: os boletos de água, luz, folha de pagamento e outros são pagos com dinheiro em caixa.
Quando a empresa de pequena se torna grande, a distância entre o faturamento e a realidade de dinheiro que efetivamente está disponível pode ser gritante, e na mesma proporção o capital de giro necessário para a empresa se autofinanciar, aumenta. Por isso, o cuidado tem que ser redobrado ao lidar com o indicador financeiro de faturamento, este não pode ser avaliado isoladamente, para que evite-se armadilhas nas tomadas de decisões.
 

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