É sabido que diversos processos na vida têm começo e fim, mas nem sempre estamos preparados para o último. Quando nos deparamos com a necessidade de recomeçar, o foco geralmente se dá no fracasso; no que poderíamos ter feito de diferente; no que poderia ter dado certo e não deu. A lamentação comumente faz parte do processo de digerir idealizações que não ocorreram como planejado.
Entretanto, pouco se fala sobre a beleza do recomeçar. Nós, humanos, desenvolvemos e alimentamos uma falsa sensação de controle que nos impede de aproveitar a vida em sua totalidade. Nos tornamos tão enrijecidos com nossos planos e metas, que quando algo se desvia desse caminho, a sensação que temos é de que todo o caminho foi perdido. O começo é tido como emocionante, desafiador e positivo; já o recomeço se prende no que não foi ou que ficou pra trás.
Por conta disso, sinto-me no dever de difundir a ideia de aproveitar o processo. Não podemos nos dar ao luxo de esperar para sermos felizes quando algum objetivo for cumprido, até porque, muitas vezes não os alcançamos ou quando fazemos, não nos damos conta do tamanho do feito. A vida não deve ser uma eterna espera pelo que está por vir. Como dizia o ex-primeiro-ministro do Reino Unido, Benjamin Disraeli: a vida é muito curta para ser pequena.
Entendo que o processo provavelmente é recheado de receio e insegurança, o que nos exige uma enorme carga de coragem e otimismo. Porém, se mudarmos um pouco a perspectiva, os recomeços podem ser muito construtivos, uma vez que já existe uma bagagem de experiências e conhecimento que não se tinha previamente.
Muito se fala sobre os casos de sucesso e conquistas de pessoas consideradas extraordinárias, porém, te desafio a procurar as histórias dessas pessoas e não encontrar algum tipo de fracasso e recomeço. A jornada de cada um é cheia de altos e baixos, isso não é surpresa para ninguém, mas quando se trata de reconhecer a importância desses momentos para o desenrolar do percurso, aí que surge um entrave.
A flexibilidade exigida para iniciar um recomeço é exatamente o ponto de convergência entre as histórias bem-sucedidas. Cada empreitada, chegando ao seu objetivo final ou não, é uma grande vivência e oportunidade de crescimento. Passar por caminhos desconhecidos nos possibilita adquirir conhecimentos inimagináveis; não aproveitar isso, estando preso no que deveria ter sido, é uma grande bobagem. Devemos saber que muitas coisas fogem da nossa alçada e isso não é algo necessariamente ruim. Enfrentar o diferente pode te levar a caminhos formidáveis, basta estar aberto para apreciá-los.
