A eternidade da arte

EDITORIAL -

Data 26/08/2025
Horário 04:15

A arte tem a rara capacidade de atravessar o tempo. Enquanto o mundo se transforma, ela permanece, aguardando o olhar de quem a aprecia e a memória de quem a criou. Em 1969, quando a humanidade voltava os olhos para a lua e o feito histórico de Neil Armstrong, em Presidente Prudente, um jovem artista inquieto refletia sobre o espaço, o futuro e o desconhecido. Nelson Bavaresco pintava “Reparo da Nave 21”, obra que traduziu em cores e formas as dúvidas e fascínios da corrida espacial.
Premiado no I Salão Paulista de Arte Contemporânea e imediatamente adquirido pelo Governo do Estado, o trabalho ganhou lugar no acervo da Pinacoteca de São Paulo. Mas, ironicamente, permaneceu oculto por mais de 50 anos, como se estivesse em órbita silenciosa à espera de ser redescoberto.
Agora, em 2025, Bavaresco, aos 88 anos, reencontra sua criação em uma das salas da Pinacoteca, na exposição “Pop Brasil: vanguarda e nova figuração, 1960-70”, em cartaz até 5 de outubro. A mostra revisita obras que dialogaram com os avanços tecnológicos e o imaginário pop das décadas de 60 e 70, e devolve vida à obra que retrata astronautas, ferramentas e equipamentos flutuando, símbolos de uma humanidade sempre em busca de respostas no infinito.
É um reencontro pessoal. A exibição de “Reparo da Nave 21” é um lembrete de que a arte nunca desaparece. Ela pode se ausentar, silenciar por décadas, mas permanece viva em cada traço, em cada metáfora, em cada olhar que se abre diante dela. Nelson Bavaresco prova que a arte é eterna não apenas porque sobrevive ao tempo, mas porque renasce cada vez que encontra alguém disposto a contemplá-la.
 

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