A ética e o desejo

Desejo e ética formam uma dupla conflituosa diante do confronto entre política e ser político. Principalmente quando se trata de corrupção. Ser político é diferente do conceito “política”. Quando o político tem um pensamento narcísico e não social ou democrático? Realização do desejo em contraste com a ética - sem senso critico - poderá levar a atingir um sonho ideal, mas fica visivelmente clara, incompetência, falta de caráter, ineficiência e a falta de capacidade para desenvolver qualquer liderança. Geralmente o desejante ambicioso e sem ética, utiliza muitos meios escusos para chegar a determinados fins. Passa por cima, como rolo compressor, do amigo, sócio, colega de profissão, conhecido de longa data, mãe, pai, irmão, enfim, o foco é seu objetivo, não importa como irá atingi-lo.

A pessoa ética agrega, sem limite de espaços, na execução de projetos juntamente com todos os seus colaboradores. Há participação de todos para o bem comum da instituição seja ela qual for. A pessoa ética é palpável, perceptível, clara e transparente. Caminha de cabeça erguida, olha diretamente nos olhos, transmite confiança, não é misteriosa, está em conformidade com a lei e é lícito o tempo todo. Uma pessoa que tem um objetivo, ideal e utiliza-se de atitudes imorais para denegrir a imagem de um cidadão ético, para atingir seus ideais, é totalmente antiética.

Numa eleição, utilização de calunias e difamações para tentar derrubar o oponente, fica clara a ineficácia de sua liderança, falta de ética, imaturidade. A democracia tem grande importância. É um sistema social onde quem manda é o povo. E hoje em dia quem manda? Democracia é um sistema social em que o povo escolhe o seu líder. Sim. Precisamos refletir sobre isso e escolher com um pensamento crítico e de juízo. Democracia é um sistema social em que o povo escolhe o governo, em que o governo dá liberdade ao povo em relação a: pensar e expressar opiniões, empreendimentos, permitir que os indivíduos gozem de liberdade de ação.

Meu questionamento hoje, nesse momento, é o que leva um candidato, na atual circunstancia, a se candidatar ou desejar ser um representante do povo? É primordial que os candidatos eleitos tenham qualidades como ética, aliada a uma maturidade individual saudável. O seu desejo vem de encontro com o desejo de uma nação. E, acima de tudo, atrelado com a ética.

O psicanalista Winnicott nos diz: “outra parte essencial da maquina democrática é o fato de se eleger uma pessoa. Há muita diferença entre: 1- o voto para uma pessoa; 2- o voto para um partido com um conjunto de tendências; e 3- o apoio a um princípio nítido, por meio de eleições. A eleição de uma pessoa implica que os eleitores acreditam em si mesmos como pessoas e, portanto, acreditam na pessoa que nomeiam ou em quem votam. A eleição de um partido ou de uma tendência grupal é relativamente menos madura. Não requer que os eleitores confiem num ser humano. O resultado do voto para partidos, ou tendências, ou seja, para uma coisa e não para uma pessoa, é o estabelecimento de um panorama rígido, mal adaptado a reações sensíveis. A votação de um ponto especifico, se encontra ainda mais afastada de qualquer coisa que possa estar associada à palavra democracia”.

É onde enfatizo meu ponto de vista sobre o principio do prazer x ética. Na democracia a ética é fundamental. Ainda segundo Winnicott, “Nem a democracia nem a maturidade podem ser implantadas numa sociedade. O fator democrático inato numa comunidade deriva dos trabalhos de um bom lar comum. A principal atividade para a promoção da tendência democrática é negativa: evitar a interferência no bom lar comum. Há um significado todo especial na devoção da boa mãe comum a seu filho, fundamentando-se nessa devoção a capacidade para uma consequente maturidade emocional. Uma interferência maciça nesse aspecto, numa sociedade, poderia rápida e efetivamente diminuir o potencial democrático dessa sociedade, do mesmo modo diminuiria a riqueza de sua cultura”.

Publicidade

Veja também