A galinha

Sandro Villar

O Espadachim, um cronista a favor da guerra...contra a fome.

CRÔNICA - Sandro Villar

Data 07/05/2020
Horário 08:55

Uma musiquinha antiga diz que a galinha do vizinho bota ovo amarelinho, o que faz supor que essa penosa é especial. Vai ver o vizinho possui a galinha dos ovos de ouro e a gente ainda não sabia disso. A expressão ovo amarelinho pode ser uma pista, pois o ouro é amarelo.

Acho que convém averiguar melhor essa história para saber se o tal ovo é mesmo amarelinho. Se não for, paciência. No máximo,  quem bisbilhotar o galinheiro pode esboçar um sorriso amarelo, se constatar que a cor é essa mesma.

Se o vizinho não tiver a galinha dos ovos de ouro, pode – quem sabe? – ter a galinha dos ovos de prata, o que já é um tremendo lucro. Em suma: ovo de prata já está de bom tamanho.

Suponhamos que a galinha não bota ovos de ouro nem de prata, mas põe de bronze. 

Isso também é um ótimo negócio. Afinal, quem não tem perdigueiro caça com vira-lata. Não sou avicultor, mas presumo que ovo de bronze também está bem cotado no mercado, embora com o preço menor na comparação com os ovos de prata e de ouro.

Brincadeiras à parte, o fato é que uma minoria tem, metaforicamente, os três tipos de galinhas, ou seja, as que botam ovos de ouro, de prata e de bronze. São alguns brasileiros bem-sucedidos que, com trabalho, tornaram-se proprietários dessas “galinhas”, quer dizer, fortunas. Só não cito nomes porque não tenho vocação para ser guia de sequestradores, como certas revistas de fofocas.

Além dessa metáfora da galinha dos ovos de ouro, a galinha virou sinônimo pejorativo de pessoa volúvel no amor. “Fulano é o maior galinha, sai com tudo quanto é mulher”, costuma-se dizer quando o sujeito é volúvel, desses que são ameaça até para padre e escocês por causa da batina e da saia.

E o que dizer da mulher galinha? Não sei o que falar até porque não sou psicólogo nem sexólogo, mas uma coisa é certa: coitado do marido, que perde a crista e ganha chifres.

E a galinha está na crista da onda, principalmente na onda das exportações. O mundo come carne de galinha brasileira, mas, no caso em questão, são os frangos e as frangas, o que dá na mesma. A galinha em si, a galinha velha quase sempre é poupada do abate para continuar botando ovos e quem vai para o prato é o frango, aqui e alhures (eta cronista culto, sô!).

O filhote da galinha é o pinto ou pintinho, mas quando o pinto cresce (epa!) não é de bom alvitre referir-se a ele usando o aumentativo do vocábulo. Quem se referir ao pinto no aumentativo pode causar constrangimento, principalmente numa reunião social onde estão o coronel Boanerges e sua esposa Emerenciana, se é que algum assunto ainda causa constrangimento nos dias de hoje.

E a economia está naquela fase chamada de voo de galinha, com o desemprego mais alto do que a Ana Hickmann. No mínimo, o Brasil precisa crescer 5% ao ano. Se isso não acontecer, o crescimento será como um voo curto, um voo de galinha.

O Brasil precisa de um voo de albatroz para voltar a crescer. Se for um voo de periquito, dá para comemorar com uma galinhada de preferência preparada com galinha garnisé, para fazer jus ao tamanho do PIB, que, segundo previsão dos  economistas não-amestrados, deve crescer que nem o rabo do cavalo. Ou da égua.

 

DROPS

De grão em grão a galinha enche o papo e o dono da granja enche o bolso.

É como diz a saúva: “Ou o Brasil acaba com a corrupção ou a corrupção acaba com o Brasil”.

Seja mensageiro da paz: convide para o mesmo jantar o Mito Messias e o Marreco, a dupla MM.

O Sol nasce pra todos e a sombra pro 1% mais rico.

 

 

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