A morte não existe somente para terceiros!

Jogi Humberto Oshiai

COLUNA - Jogi Humberto Oshiai

Data 18/04/2020
Horário 05:07

A presidente da UE (União Europeia), Ursula von der Leyen, durante a sessão de ontem do Parlamento Europeu sobre as ações da UE no combate a pandemia do coronavírus, iniciou o discurso da seguinte forma: “Não há palavras que possam fazer justiça à dor da Europa ou de todos os que sofrem em todo o mundo. Pensamos e oramos por todas as famílias de luto. E prometemos um ao outro que contaremos suas histórias e honraremos suas vidas e seus legados. Vamos lembrar de todos eles”. A presidente lembrou vários exemplos, eu destaco os casos da Julie, a adolescente francesa com toda a sua vida pela frente. O Gino, o médico italiano que saiu da aposentadoria para salvar vidas. O  incrível gesto de Suzanne de deixar seu ventilador para alguém mais jovem que ela na Bélgica. Von der Leyen continuou: “Vamos lembrar de todos eles. As mães, os pais, as irmãs e os irmãos. Os jovens e os idosos do norte ou do sul, do leste ou do oeste. Os amigos e colegas, os vizinhos de perto e os estrangeiros de longe. Aqueles com histórias para contar e lugares para estar. Aqueles cujo ombro nós choramos e cujo amor confiamos. Cada uma dessas milhares de histórias quebra um pedacinho do nosso coração. Mas eles também tornam nossa decisão muito mais forte para garantir que a Europa faça tudo o que puder para salvar todas as vidas que puder”.

E eu assistindo em direta fiquei emocionado, talvez por estar no meu 34° dia de home office e 26° dia de isolamento social, ou, por sentir firmeza na presidente, que continuou: “Senhores deputados, não podemos superar uma pandemia dessa velocidade ou escala sem a verdade. A verdade sobre tudo: os números, a ciência, as perspectivas - mas também sobre nossas próprias ações. Sim, é verdade que ninguém estava realmente pronto para isso. Também é verdade que muitos não estavam lá a tempo quando a Itália precisava de uma ajuda desde o início. E sim, por isso, é certo que a Europa como um todo ofereça um sincero pedido de desculpas. Mas pedir desculpas só conta para algo se mudarmos de comportamento. A verdade é que não demorou muito para que todos percebessem que devemos nos proteger para nos proteger. E a verdade também é que a Europa se tornou o coração pulsante da solidariedade no mundo. A verdadeira Europa está de pé, aquela que existe uma para a outra quando é mais necessária”.

E neste ponto do discurso, eu me perguntei a razão pela qual no Brasil, ao contrário até de Portugal, a polêmica na política deva ser um fato contínuo estimulada pela grande mídia e  apoiada pelos brasileiros que se envolvem como torcedores ferrenhos nas redes sociais defendendo cada um o seu lado como se a pandemia não fosse um problema comum. Talvez para alguns, a morte existe somente para terceiros!

E por falar em morte, a que estava anunciada já há alguns dias aconteceu! Tomei conhecimento somente no final da quinta-feira, aqui em Bruxelas, que o presidente Bolsonaro havia demitido o ministro da Saúde, Mandetta. Ao fazer isso, Bolsonaro agiu como estadista e assumiu toda a responsabilidade do que possa acontecer com a saúde pública e com a economia no Brasil. A questão atual não se trata de concordar ou discordar da decisão de Bolsonaro, mas de torcer para que o novo ministro faça um bom trabalho para o bem do nosso país.

God bless o nosso Brasil!

 

 

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