A pandemia (parece que) acabou e não está tudo bem!

Roberto Mancuzo

CRÔNICA - Roberto Mancuzo

Data 26/04/2022
Horário 06:40

Eu não sei vocês, só que ainda não estou muito de boa na volta da vida “normal”, no chamado pós-pandemia. Esse lance de “vamos tocar a vida” pode ficar bonito nos stories do Instagram de alguns, mas aqui na vida física mesmo, onde o bicho pega quatro ou cinco vezes por dia, alguns pontos ainda precisam de reflexão. Vamos a eles:

Acabou mesmo?
Acho mesmo que a pandemia não acabou de fato. Estamos vacinados e mais protegidos e isso impede que haja tanta morte e tanto inchaço nos hospitais, mas fica uma impressão de que se dermos uma bobeada, o vírus da Covid vem e nos coloca em estado de calamidade de novo.
Pior, faz a gente descer um degrau na cadeia alimentar e não tem nada mais tenso do que percebermos que podemos ser abatidos. É meio que perder o poder e descobrir que não é o predador mais potente, sabe? 

Trabalhar em casa não é “tãããoooo” legal assim
Quando mandaram todo mundo para home office houve uma ligeira alegria. A gente pensou que trabalhar em casa seria mesmo muito legal, só pelo fato de não estar em um ambiente de trabalho chato. Mas de repente, passada a euforia, a gente descobriu que apesar de estar no conforto do lar, as prioridades eram do trabalho, com as metas e responsabilidades ainda mais em alta do que antes. As reuniões passaram a ser mais frequentes e mesmo que as empresas impusessem limites de horário, o notebook aberto na mesa do escritório ou na sala fazia parecer que o trabalho agora tinha 24 horas.
E nessa toada também descobrimos logo que trabalhar de bermuda e camiseta não era lá tão legal. Aliás, eu mesmo só voltei a ter uma certa produtividade depois que tomei algumas atitudes para não parecer que tudo estava uma zona, como me arrumar para dar aula, mesmo que fosse online.  

Sanidade mental 
Se você disser que seus neurônios estão bem arrumadinhos depois destes dois anos de pura tensão que vivemos, quero sentar e fazer sessões de análise contigo. Preciso aprender como me livrar de tudo que passou. Porque é sério: eu não achei nada normal o perigo pelo qual passamos. E não digo só na saúde. Quase tudo foi colocado à prova nos dois últimos anos: finanças, relacionamentos, filhos, trabalho, saúde física...
Você ainda tem problemas de estar em um local com muitas pessoas reunidas? Dispensou a máscara, mas se culpa de todo jeito por não usá-la? Triplicou o medo de perder alguém muito querido, assim, de uma hora para outra? Apaixonou-se perdidamente pela solidão? Já pensou que existem milhões de outros vírus tão problemáticos quanto o Covid? 
Pois é, talvez não esteja ainda tudo bem, né? Desculpem a crônica meio pessimista, mas às vezes é bom não facilitar tanto. Somos seres capazes de nos reinventar todos os dias, mas o crescimento pessoal nunca aconteceu a partir da bonança e sempre diante dos problemas. Afinal, um vivo atento é bem melhor do que um distraído morto.
 

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