A solidão e suas interfaces

A solidão, atualmente, tem sido alvo de muitas discussões, conversas e muitas pesquisas. Principalmente agora em que vivemos o isolamento social pela chegada da Covid-19. É uma realidade preocupante e alarmante já de muito tempo atrás. A solidão, muitas vezes, é considerada sinônimo de vulnerabilidade emocional. Há muitas pessoas extremamente sozinhas e de diferentes faixas etárias. Observamos características como resistência em criar vínculos ou ligação com as outras. 
A preferência pela solidão, muitas vezes, envolve uma complexidade de fatores. Poderíamos percorrer de forma circular suas vicissitudes e desdobramentos e levaria a muitas conversas. Pode levar ao suicídio, porque o sofrimento reverbera internamente e externamente e não há espaço de acolhimento. Permanece ecoando no espaço vazio. E o suicídio é a solução pela destruição da dor. E assim há a morte de si mesmo. 
Um aspecto muito evidente, na escolha pelo isolamento, ostracismo ou narcisismo seria a de uma relação mãe-bebê insatisfatória ou até mesmo traumática. Seria a causadora de grande ferida, que considero latente, onde a manifestação é a solidão. Há uma profunda falta de fé e esperança na constituição pela forma em relacionar-se. A contemporaneidade tem influenciado e muito na vida dessas pessoas mais sensíveis, vulneráveis e frágeis. 
Devido à intolerância a pequenas frustrações, soluções instantâneas e superficiais são criadas rapidamente para substituir faltas e angústias consideradas inerentes à trajetória de vida. Criamos uma barreira onde o outro não entra. Quantos casais estão vivendo uma relação, que metaforicamente podemos dizer que estão caminhando como retas paralelas? Não há momentos de expressões emocionais em que ambos tiram as “máscaras”. Representam o tempo todo. Silêncio ensurdecedor num estranho ambiente. Daqui a pouco as pessoas não saberão mais como fazer para aproximar do ser humano. Estaria a existência tão comprometida agora, ainda mais com a surpreendente chegada da Covid-19. Estaríamos involuindo nas infinitas formas de expressar o amor e afeto? 
Dói ver tanta gente excessivamente autossuficiente, sinalizando não precisar do outro. Saudade da impotência que nos torna humanos. Há uma frase célebre que diz: Ser adulto é estar só. Quando considerados adultos e maduros ficamos muito bem conosco mesmo. Mas para chegar a esse momento passamos por todo um desenvolvimento que envolve o contato com o outro. Há grandes vazios permeando o relacionamento humano.
 

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