Poder cooperar ou ajudar as pessoas é gratificante. Mas há formas e diferentes maneiras para sua realização. Muitas vezes, por despreparo, inexperiência e ingenuidade, acabamos caindo em armadilhas e tudo pode tornar-se complicado e muito complexo. Há estranhas manobras de sobrevivências, mais do que imaginamos e que nossa vã filosofia desconhece! Muitas vezes fazem-se conluios devastadores e sabotadores comprometendo a vida de muitas outras pessoas.
Os conchavos vão sendo construídos e vamos ficando dentro deles e nunca mais saímos. Muitas vezes você pensa que está ajudando, mas as coisas vão se complicando. Quando uma pessoa encontra-se deprimida, naturalmente fica muito carente, resistência imunológica baixa e suscetibilidade em contrair uma infinidade de doenças, baixo autoestima, desmotivação, isolamento, emagrecimento por falta de apetite ou obesidade, enfim, muda toda uma dinâmica de vida.
Elas passam a receber um tratamento diferenciado de afeto, que muitas vezes nunca conheceu ou recebeu de ninguém. Passam a ter mais acolhimento, atenção, diálogo e carinho. É muito importante mesmo essa atenção redobrada, pois a depressão é um quadro muito complicado, principalmente se não houver um tratamento. É necessário um cuidado especial dos familiares, também psiquiátrico e até mesmo psicoterápico.
Mas existe uma história paralela, chamada ganho secundário em permanecer doente. Acaba sendo até interessante permanecer deprimido, pois assim as pessoas ficarão às voltas, ou seja, bem pertinho. Recebe carinho, atenção, comida, muitas vezes até na boca, flores, visitas, telefonemas de pessoas manifestando preocupação, que chega até estranhar!
A cura significa perder toda essas compensações, esses ganhos. É necessário ter um olhar sobre a pessoa que é acometida por uma infinidade de enfermidades, doenças psicopatológicas diversas, mas é importante também entender como podemos ajuda-las sem ter um comprometimento que envolve dependências.
Outro caso muito importante são com as crianças. Elas são propícias a desenvolverem com mais facilidades as doenças psicossomáticas como, por exemplo: amidalite, otites, renite, febres sem causa aparente, dermatites etc., pois não expressam e não verbalizam seu sofrimento, carência e problemas.
Muitas vezes querem a mãe por perto, mas não falam. Aprenderam que se adoecerem, automaticamente toda a casa ficará envolvida. A mãe não vai trabalhar naquele dia, a avó faz bolo, o pai traz um presente, etc. Isso passa ser rotineiro, quando está sentindo solidão e os ganhos secundários em adoecer são compensatórios. O ideal é que as crianças não precisassem usar desses atributos e manobras para receberem afeto, carinho e atenção.
Há casos de mães que não investem em si e a única forma de sobreviver, ter libido ou energia de vida é ajudar ou cuidar do filho ou da filha com comprometimento, seja fisiológico ou psicológico. Então se percebe que a filha esta construindo uma própria identidade e autonomia em um processo psicoterápico, e está se recuperando, evoluindo e fortalecendo, ela não aguenta e tira do tratamento. E passa a pensar em: o que vou fazer da minha vida se ela melhorar? Esses ganhos secundários podem aparecer também, é muito comum, em uma relação conjugal, ou seja, em um casamento mal sucedido. O conluio com o filho comprometido é compensador para manter o casamento de faz de conta. Se o filho sarar, o casamento poderá acabar. É muito difícil quando se dá essa dinâmica. É um sofrimento em todo o contexto que todo o lar acaba adoecendo.
É importante que haja sempre que for oportuna, uma reflexão, mesmo que seja para buscar ajuda profissional. A realidade é que não dá para fazer de um problema, outro problema. É necessário não carregar os grãos de areia de um passado e sim reinventar ou re-significar novos valores de um presente objetivando um melhor futuro e com qualidade de vida para todos.