A Usp, Unesp e Unicamp e as cotas sociais e raciais

OPINIÃO - Marcos Alegre

Data 20/07/2017
Horário 18:06

Das 3 universidades, a USP (Universidade de São Paulo) foi a última a aderir ao sistema de cotas. O Conselho Universitário da USP deu um passo histórico ao aprovar a reserva de vagas para alunos de escolas públicas e para os autodeclarados pretos, pardos e indígenas. A mudança atinge os cursos de graduação e vão valer a partir de 2018.

A discussão trouxe à tona o conflito entre duas visões: restringir a seleção aos mais bem colocados no vestibular ou também levar em conta o papel social da universidade. As novas regras serão aplicadas de maneira escalonada, no próximo ano serão reservadas 37% para estudantes autodeclarados pretos, pardos ou indígenas. Esse valor é o que consta na população do Estado de São Paulo. Neste ano, os cursos da USP alcançaram o recorde de 37% de ingressantes de escolas publicas, com 19% de pretos e pardos. Vale lembrar que a USP, ao lado de suas irmãs Unesp (Universidade Estadual Paulista) e Unicamp (Universidade de Campinas), que já utilizam, há tempo, o sistema de cotas e ambas têm como a USP, classe internacional e a responsabilidade de garantir uma formação de alta qualidade, de produzir pesquisa de ponta, ações de extensão e representar ferramenta de modificação social e uma das maneiras mais eficazes de atuar nesse sentido é dar oportunidade para que jovens talentosos da escola pública sejam incorporados à vida universitária.

Essa medida agora implantada, certamente trará gastos com formação e permanência estudantil, tais como moradia, transporte, alimentação. São ações nas quais a USP já investe cerca de RS 200 milhões anuais. Até aqui me apoiei no trabalho do senhor reitor da USP, Marco Antonio Zago, que diz ao final: “Com essas mudanças estamos derrubando os muros da USP e aproximando-a da sociedade”. Há pessoas que não concordam com e dizem não ao sistema de cotas, afirmando que são “boas as intenções e maus resultados” e apresentam algumas questões realmente interessantes para reforçar o diálogo e o contraditório.

Diz o professor da mesma universidade, doutor Sérgio Almeida, que o plano não atenta para a possibilidade de fraudes e cita: “o aluno pode frequentar uma escola privada de alto nível e, no último ano do curso migrar para uma escola pública sabidamente fraca e facilmente passar no vestibular preenchendo uma vaga da cota reservada para alunos oriundos da escola pública. Também há de se pensar que alunos mal preparados dificilmente terão condições para enfrentar as demandas dos cursos das universidades estaduais paulistas e, com isso haverá taxas elevadas de desistência entre eles. Não há duvidas de que o Estado deve tentar corrigir as desigualdades sociais produzidas por um legado centenário de tratamento discriminatório de desigualdades de oportunidades. Entretanto, há dúvidas se o sistema de cotas será o melhor caminho para alcançar os objetivos propostos”.     

Nesse caso, é bom ver a reportagem de O Imparcial de 11 de julho que informa: A Unesp  foi a primeira  das universidades públicas paulistas a implantar, em 2013, o sistema de cotas, e agora está criando comissões permanentes para verificar as possibilidades de fraudes, tais como a veracidade da autodeclaração de alunos pretos, pardos ou indígenas no vestibular de 2018. A Unesp destinará 50% das vagas para alunos que cursaram integralmente o ensino médio em escolas públicas e, desse percentual, 35% deverão ser pretos, pardos ou indígenas. Pode-se observar que há os otimistas ou pessimistas em relação ao sistema de cotas, mas deve-se lembrar que todas as pessoas têm o direito de fazer curso da melhor qualidade.

Publicidade

Veja também