As origens da primeira estação ferroviária de Presidente Prudente - inaugurada há quase um século, em janeiro de 1919 , quando os trens desempenharam importante papel no desenvolvimento da cidade e região - voltam a ser lembradas neste diário. Se a malha ferroviária continua desativada por aqui, “com todas as alternativas esgotadas”, como informou a Rumo/ALL (América Latina Logística) na semana passada, o último vagão de passageiros que circulou pela antiga Estrada de Ferro Sorocabana ganhará em breve uma nova história.
Doado no início de 2016 à Prefeitura pelo Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte), após três anos de negociação, o veículo, que antes se encontrava totalmente abandonado próximo ao pátio da antiga estação ferroviária e do Centro Cultural Matarazzo, foi transferido em maio do mesmo ano, com o auxílio de um guindaste e de uma carreta, para o IBC Centro de Eventos. A ideia inicial, logo que a novidade foi anunciada, era de que a estrutura fosse revitalizada para servir de espaço cultural e abrigar atividades educativas.
A recuperação da estrutura, sem comprometer o seu design original, foi iniciada. Agora, a parte interna recebe restauração em madeira, com previsão de ficar pronta até sexta-feira. A finalização da reforma se dará com todo o trabalho de mobilidade, elevador de acesso, rampa, escada, mobília e iluminação. Depois de pronto, o vagão deverá funcionar para quem loca o IBC como um setor administrativo do evento.
Um espaço, até há alguns anos atrás abrigado e utilizado por moradores de rua, como ponto de prostituição e venda de drogas, pode agora, após sua revitalização, contribuir de forma significativa com a cultura e história da cidade. Exatamente como ocorreu com outros pontos, antes abandonados, hoje sediando e oferecendo diversos serviços à comunidade.
Como exemplo, basta lembrar o antigo Expurgo, situado em frente à rodoviária e destinado no passado ao armazenamento de sementes de algodão e amendoim. Ocioso e com uma estrutura comprometida, o velho prédio foi demolido em 2010 para dar lugar a um novo edifício: a sede do Poupatempo. Da mesma forma, ocorreu com o Matarazzo, que antes usado para descaroçamento e processamento de algodão, também foi alvo de vândalos e marginais, e hoje conta com ampla programação cultural durante todo o ano.
Se for pra citar mais, podemos falar ainda do antigo Matadouro, que atualmente é o Museu e Arquivo Histórico Prefeito Antonio Sandoval Netto; e do prédio da própria estação ferroviária, que virou sede do Procon (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor). Precisamos, com o apoio da iniciativa privada e o incentivo da população, recuperar e investir nos patrimônios que possuímos. Se antes transportou riquezas materiais, este vagão agora proporcionará um bem ainda mais valioso: cultura e conhecimento.
