Chegada de novos caminhões com abastecimentos em postos. Filas que dobravam esquinas e caos no trânsito. Alta procura seguida de novos esgotamentos. Com o início do oitavo dia de greve dos caminhoneiros, esse foi o cenário visto ontem, em Presidente Prudente. A escassez de combustíveis que assolou a cidade gerou uma alta procura e competição, quando há o enchimento das bombas nos estabelecimentos. Na região, a falta também é presenciada, o que impulsiona para o fechamento dos comércios ou a disponibilização de outros produtos, exceto a comercialização do etanol, gasolina e diesel.
Logo pela manhã de ontem, no Auto Posto Salvador, houve grande movimentação de motoristas que buscavam abastecer os veículos, sendo que muitos nem mesmo ligavam o motor durante o andar da fila. Condutores com galões em mãos deixaram muita gente com receio de faltar combustível antes de ser atendido. Conforme explica o proprietário do estabelecimento, Ademir Brunholi, 62 anos, o grande fluxo de veículos ocorre pelo fato de o estabelecimento ter sido abastecido com etanol no domingo, o que chamou a atenção de muitos.
Em meio período de atividades no estabelecimento, Ademir conta que foram abastecidos mais de mil veículos e, mesmo assim, teve gente que ficou de tanque vazio. Isso porque o posto abriu 6h e, antes das 13h, já não tinha mais etanol para atender aos motoristas. “Todos precisam passar por esse sacrifício, porque é só desta forma que vamos mudar algo nesse país”, expõe.
Ainda em Prudente, outros estabelecimentos receberam uma nova leva de combustíveis, como por exemplo: Auto Posto Copauto, Galegão e Janda, pertencentes à rede Ipiranga, além de Auto Posto Larissa e Luizari, respectivamente localizados nas avenidas Manoel Goulart e Washington Luiz, bem como Auto Posto SP-400, SP-400 Oeste e SP-400 Brasil. Nesses locais citados, o acúmulo de veículo às margens e formando filas também foi presenciado.
Em relação ao trânsito, que em certos pontos ocasionou bloqueios de ruas por conta das filas, a Prefeitura afirmou que houve escolta da Força Tática, e agentes da Semav (Secretaria Municipal de Assuntos Viários e Cooperação em Segurança Pública) prestaram apoio e orientação aos motoristas. “É inevitável filas de carros, por causa da escassez de combustíveis”, finaliza.
Motoristas
O professor Luciano Pimenta, 38 anos, preocupado com o veículo na reserva, teme não conseguir ir dar aulas nos próximos dias pela falta de combustível. “Em todas as filas que entrei, foi impossível chegar até o atendimento. Já rodei a cidade inteira e está difícil”, explica. Assim como ele, o colocador de pedras, Carlos Henrique Pereira da Silva, 35 anos, busca encher o tanque antes de voltar ao serviço. Devido à dificuldade em enfrentar as filas, utiliza as redes sociais como uma maneira de encontrar possíveis postos reabastecidos. “É mais fácil porque eu economizo o que tenho”, expõe.
Enquanto empurrava a motocicleta em via pública, o condutor Pedro Antônio da Silva, 51 anos, diz que não sabe se vai chegar em casa “dirigindo ou a pé”, uma vez que o veículo ficou sem combustível enquanto estava na fila. “Eu estou em horário de almoço e agora não sei o que vou fazer se não der certo, porque já percorri vários bairros e não encontro combustível. Mas a gente precisa arriscar, até conseguir”, explica.
Já o comerciário, Luciano de Souza Barbosa, 33 anos, estava viajando com o veículo da empresa e, ao retornar a Prudente, encontrou dificuldades em abastecer a motocicleta. À reportagem, ele mostrou o tanque na reserva e temeroso com a situação, acredita que “toda manifestação é válida” e que “o povo vai sofrer com a escassez, no entanto, chamamos a atenção das autoridades de que nosso dinheiro deve ser utilizado de forma válida, sem muitas cobranças abusivas”.
Região
Em Santo Anastácio, a gerente do Posto São Paulo, Viviane Real Roffero, disse que está com o estoque zerado desde sexta-feira, pelo menos relação ao etanol e gasolina. O diesel acabou ontem mesmo. Ela conta que, pelo que sabe, essa é a situação geral de todos os estabelecimentos da cidade. “Os clientes da casa, na semana passada, se preveniram e vieram abastecer. A impressão que temos é que muita gente de fora está vindo, ligando e questionando para saber se ainda temos”, considera. O estabelecimento está trabalhando apenas com lavagem e troca de óleo.
Já em Pirapozinho, no Auto Posto União, ainda tem combustível, mas somente diesel. No local, a gerência diz que não tem previsão de até quando o produto vai durar, mas o etanol e gasolina acabaram rápido, assim que a greve estourou. Por lá, os valores não foram onerados e, ainda de acordo com o estabelecimento, em nenhum outro da cidade. No momento, todos os postos do município estão da mesma forma.
